No passado o assunto divórcio e separação era tabu e a pior coisa que se podia acontecer em uma família. Um divórcio demarcava o fracasso na educação principalmente da filha mulher. Hoje muitos casais já se casam prevendo este acontecimento. Sônia Eustáquia afirma que na realidade as pessoas se casam para viverem felizes para sempre, porém não contam com as mudanças que terão que fazer em suas vidas pessoais anteriormente vividas de maneira absolutamente individuais ou quando muito, compartilhada com a família de origem . A primeira coisa que acontece é isso, a segunda é relacionada ao sexo que anteriormente também era maravilhoso porque era vivido em finais de semana e em clima de animação festividade fantasias e depois de casado é vivido de maneira mais madura e menos fantástica.
Existe um desgaste natural nas relações independentemente de ser a relação do casamento. Geralmente idealizamos uma pessoa e nos apaixonamos por essa idéia, chamamos a isso de amor de transferência. O conflito é justamente a desidealização e o esmaecimento do vigor do desejo sexual, urgente e apaixonado bem como do enamoramento. O que o casal às vezes resiste em entender é que resta a amizade, o sentimento de intimidade e cumplicidade que construíram juntos durante anos. O casamento normalmente ocorre quando duas pessoas se amam e estão dispostas a dividir o mesmo teto, sabendo que somar alegrias e dividir problemas será o caminho para a felicidade e sem prazo de validade para terminar. O término do casamento hoje está “associado” ao fim da afeição e do amor ou do desejo sexual, sendo desnecessária a investigação de culpa. Aí podemos perguntar: por que a afeição e o amor chegam ao fim? É sempre por responsabilidade de um ou dos dois? O que cabe é uma reflexão enquanto se está casado para que o desejo sexual a afeição e o amor se solidifiquem. Não é algo para ser desfeito antes de serem feitas TODAS as tentativas para não ser desfeito.
A paixão é um sentimento que costumamos chamar de “estado narcísico”. É quando a pessoa não consegue ver mais nada além daquilo. É impossível sobreviver com produtividade profissional, intelectual, familiar se esse estado de narcisismo durar muito tempo. A paixão tem que evoluir para o Amor para o bem de todos. O amor é sereno, calmo, produtivo. É um estado normal e bom de viver. Repare que quando um casal tem um filho, é natural que todos da casa passem por esse estado. Tudo fica voltado para o bebê e principalmente a mãe que antes era a mulher apaixonada pelo pai. Caso o relacionamento do casal ainda não tenha evoluído para o amor, está fadado ao fracasso. Sobreviver a essas mudanças é o que sinaliza a maturidade do casal.
ESTATÍSTICA: um estudo feito na Austrália com 2.500 casais ou pessoas vivendo juntos mesmo sem o casamento formal foram investigados e as conclusões foram em certa parte surpreendentes e dizem que as maiores chances de separação estão entre: casais em que o homem tem em torno de nove anos a mais do que a mulher; casais que se uniram antes de completarem 25 anos de idade; casais que tiveram filhos antes do casamento sejam eles desta união ou de outra tem muito mais probabilidades de se separarem do que os que não tiveram filhos antes do casamento. Mulheres que desejam filhos mais do que os homens também têm mais probabilidades de chegarem ao divórcio.
Quando as pessoas vêm de outras relações as possibilidades de separação se tornam 90% maiores do que os que vivem o primeiro casamento. Outro fator que se mostrou de peso nesta pesquisa foi à questão financeira. Casais que se declaram pobres ou que o marido estava sem emprego representou 16% dos casos de separação enquanto que entre aqueles que tinham uma situação financeira boa essa taxa caiu para 9%. Para finalizar a pesquisa foram analisados os casais fumantes ou não donde se concluiu que quando apenas uma das partes é fumante o índice de divórcio também é maior. Estes são os fatores de maior peso e embora tenham outros que não tem uma representação mais significativa.
Pode acontecer crises com todas estas perdas ou parte delas. É comum a perda de parceria e amizade ter mais peso do que a perda do desejo sexual. Eu percebo que a perda da fidelidade motiva menos separações do que o desejo sexual.
Ao contrário do que muitos dizem é possível sim manter um casamento saudável depois de ter filhos. Só basta o casal tem um bom relacionamento: com respeito, amizade e lealdade. Nesse clima é possível manter um ambiente saudável familiar. Se considerarmos o casamento isolado do ambiente familiar, somente como uma condição de viver sexualmente e afetivamente de um homem e uma mulher percebemos que é impossível. Está aí o porquê de tantos divórcios e separações. Um grande número de pessoas se casa, e mesmo tendo um projeto de vida onde incluem filhos, pensam e vivem como se não os tivessem. É mesmo muito difícil ser sujeito, individualizado, num contexto coletivo, mesmo quando esse coletivo inclui pessoas que amamos tanto que são os filhos.
A consequência mais importante da separação a ser observada: o filho quando criança sempre pensa ou fantasia que a separação se deu por sua causa. São as noções de censura e culpa que acompanha qualquer criança mentalmente saudável e que são acionadas nessas ocasiões. Mesmo, isso não sendo realidade a criança sofre muito. Esse sofrimento e confusão mental podem atrapalhar o desempenho escolar, o relacionamento interpessoal dentre outros problemas que envolvem o corpo como as doenças psicossomáticas e regressões. É comum as crianças voltarem a fazer xixi na cama, gaguejarem, terem febres sem razão biológica nenhuma etc.
Algumas dicas que a psicóloga e sexóloga Sônia Eustáquia dá para quem passa por situações semelhantes:
- Procurar ajuda profissional para que a relação reinicie sob novos paradigmas.
- Não expor o problemas a terceiros ou pessoas que não poderão ajudar de forma eficiente
- Não brigar um com o outro, com os filhos por perto.