Celulares supermodernos estão presentes no dia-a-dia de muitas pessoas e acabaram gerando uma nova doença: a nomofobia. A palavra é uma abreviação de “no mobile phobia” que, literalmente, significa o medo de ficar sem celular. Pesquisa recente revelou que 18% dos brasileiros admitem ser viciados nos seus aparelhos. Em outro levantamento, feito pela revista ‘Time’ e pela empresa Qualcomm, 35% dos brasileiros afirmaram consultar o celular a cada dez minutos ou menos.
É possível perceber o vício, quando a pessoa ou outro que conviva bem perto dela, começa a observar que caiu a produtividade de seu trabalho, estudos ou até mesmo a diminuição do interesse sexual. A linha que separa o normal do patológico pode ser tênue e imperceptível à primeira vista, porque a pessoa dá desculpas que o excesso de uso faz parte do trabalho etc. Usar de forma normal é principalmente dar conta de desliga-lo durante o cinema, teatro, o trabalho, consultas médicas, igrejas, salas de aula, dentre outros locais onde ele é inconveniente. E abusar é justamente fazer o contrário disso: não dar conta de desligá-lo hora nenhuma. O fato é que temos que acompanhar os avanços da tecnologia porque estamos inseridos nela, mas, sempre lembrando que o número de horas do dia não aumentou e principalmente porque a energia de vida, a libido, também é única. Essa energia exige um destino, e esse destino, no caso dos viciados em celular, toma a maior parte, sobrando pouca para outros afazeres.
Os sintomas mais comuns no início é que a pessoa manter o celular ao alcance, depois ele tem que estar junto, mesmo em um bolso ou na mão. A partir dai tudo que ela resolvia com o computador, que de certa forma lhe exigia um ritual, como ligar, sentar em uma mesa etc, deixa de ser necessário; a pessoa passa a resolver tudo pelo celular ou a consulta-lo a todo o momento. Dessa forma, se ela abria o computador uma ou duas vezes ao dia para olhar e-mails e facebook, ela passa a fazer isso tempo todo pelo celular.
Existe um momento, em que a pessoa, mistura um pouco, realidade virtual com a realidade de fato, real, objetiva. Caso ela seja saudável, isso acontece com uma intensidade menor, caso ela já tenha uma predisposição às adicções, viverá o mundo virtual como se fosse a sua própria realidade. Por exemplo: o que as pessoas postam no facebook são sempre acontecimentos festivos, bonitos e bons, ficando muito longe da sua realidade objetiva e cotidiana, assim, a outra que fica vendo o dia inteiro, passa a competir e achar a sua vida, no caso, real, muito ruim, enfadonha e sem glamour.
Para a psicologia a nomofobia está ligada à predisposição à vícios e a medos de ficar só. Por isso trata-se como se fosse um medo de ficar sem o seu aparelho de comunicação móvel. Nesses casos o celular é o objeto de afeto que consegue tirar a pessoa do sentimento de medo de ficar só .
Um outro problema associado a este vício é a chamada “síndrome da vibração fantasma” – que é quando a pessoa acha que seu telefone vibrou sem ele ter vibrado. Este fenômeno já é vivenciado por uma grande parcela dos adultos jovens, aproximadamente uma vez a cada 15 dias. Pode-se inferir que está ligado a síndrome de abstinência comum às pessoas viciadas quando lhe tira o objeto de prazer. Todo mundo sabe que um alcoólatra quando lhe é retirado o álcool, passa por impulsos incontroláveis que lhe conduz à beber e ao mesmo tempo ele pode ter sintomas de alucinação. No caso do celular é a mesma coisa. Uma alucinação temporária mais ou menos grave de acordo com o número de vezes e a angústia sentida na ocasião.
A dificuldade nas comunicações pessoais face a face tem aumentado proporcionalmente ao aumento da comunicação virtual. O bom é que muitas vezes a barreira da timidez é vencida, fazendo uso do aparelho de telefone, e outras vezes é muito ruim, porque fomenta mais ainda a comunicação NÃO verbal.
Ninguém gosta da desatenção do interlocutor, exigimos dele que nos Escute ou pelo menos nos ouça, quando estamos nos comunicando; por isso, o usos abusivo, tem gerado brigas entre os casais e descontentamento em relação à familiares e de amigos. Entre os casais, também pode gerar ciúmes e desconfianças.
O acompanhamento psicológico será sempre a melhor solução para melhorar o vício; porque na verdade ele é sintoma de algo que tem raízes mais profundas. A etiologia de sintomas deve ser tratada, porque eles tendem a voltar ou mesmo deslocar.
Ainda não é considerado um transtorno, como os demais, como o bipolar o de pânico etc. Deve ser tratado com uma psicoterapia, com foco para esta demanda. Geralmente as terapias tem o caráter breve e necessita de uma avaliação ou diagnóstico antes de se iniciar qualquer trabalho psicoterapêutico. Quase nunca precisa do uso de medicação.