Independentemente da era, modelo econômico e social, o assunto da traição nos relacionamentos acompanha a própria história afetiva e sexual do ser humano. Obviamente por seu caráter de extremo sofrimento e dor, a matéria é sempre atual. A fidelidade, que é o contrário da traição, é uma virtude e os humanos buscam ser virtuosos, essa é uma das condições de ser bom. Portanto, trair é ir contra a virtude da fidelidade e tornar-se uma pessoa pior; quem trai, normalmente sente-se culpado, e a culpa traz consigo um sofrimento.
Na realidade temos medo das perdas. Aprendemos que quando traídos somos obrigados a tomar uma atitude junto à pessoa que nos traiu e que isso pode representar a separação. Outro fator é a “dor de cotovelo” ou “ego machucado” e que ninguém quer sentir. Temos nosso brio, nossa vaidade, nossa auto-estima, e uma traição mexe com tudo isso.
A religião tem um papel fundamental na rejeição desse tipo de atitude e, para Sônia Eustáquia, a questão prática dessa “proibição” nos remete pensar na maneira de prover os filhos e mulheres de maneira socialmente adequada.
As religiões costumam ser éticas e acompanhar o que é melhor para a sociedade e os cidadãos. A ORGANIZAÇÃO FAMILIAR, é o principal núcleo de uma sociedade, se ela vai bem a sociedade também vai e isso se dá mais facilmente quando o homem só tem uma família.
A lealdade ou fidelidade é um acordo entre duas pessoas, ninguém nasce com tais características. Todo mundo deseja livremente, porém uma pessoa coerente com os seus princípios e combinados, não toma atitudes como trair e deixa que o desejo fique só na fantasia.
Para a psicóloga, contando com toda sua experiência, o que as pessoas mais relatam é que o que mais dói é a deslealdade. Nesse caso há uma perda de confiança generalizada. Quebra-se o contrato e junto todos os acordos anteriores. Exemplificando, pode-se dizer que o relacionamento do casal piora muito na ocasião da traição por causa das mentiras que são ditas, das incoerências, das ofensas feitas verbalmente que geralmente desqualificam e magoam o companheiro ou companheira. Tudo isso pode gerar também muita raiva e ódio e até mesmo desejo de vingança.
Muitas vezes ouvimos que relações extra-conjugais podem reacender a chama da relação, mas para Sônia isso não acontece com pessoas com estrutura de personalidade comum ou normal. Para que uma traição possa reacender alguma paixão a pessoa traída tem que ter uma personalidade com traços bem anormais.
Traição na Internet – O que é.
Também é comum ouvirmos falar que homens traem por prazer, desejo, sexo, enquanto que mulheres, quando traem, é porque o relacionamento está falido e elas estão em busca de outras coisas, como compreensão, elogios, etc.
De acordo com a sexóloga, a sexualidade do homem é muito diferente da sexualidade da mulher e por isso existe diferença nessa questão da traição também. O homem é mais externo em tudo, até nos órgãos genitais; e a mulher é mais interiorizada, inclusive nos genitais.
O homem quando tem relações extra conjugais é capaz de não se envolver emocionalmente, é sexo pelo sexo, e por isso, até pode achar que não traiu. Quase sempre diz ter sido uma aventura, o que é diferente de um envolvimento afetivo, o que representaria uma traição de fato. A mulher, quase sempre tem que se envolver sentimentalmente, para depois ter uma relação sexual.
O que é microtraição
A forma das pessoas agirem após e durante a traição varia muito. Existem pessoas que dão conta disso e sentem-se bem. Algumas até entram em conflito, mas, logo passa. Outras não dão conta, têm dificuldades de lidar com a divisão dos afetos, ou mesmo de serem hipócritas e mentirosos, sentem-se culpadas e esse sentimento incomoda muito.
O prazer que pode ser sentido em uma relação, não compensa quando se sente muita culpa. Outras pessoas já lidam melhor com isso, e não se consideram amorais, quando dividem o afeto. O sentimento de estarem “vivendo perigosamente”, a adrenalina, é que geralmente predomina nesses casos.
Às vezes um homem ama a esposa, mas também gosta de uma outra pessoa, ou apenas, gosta de fazer amor com outra também. Se há uma obediência cega ao princípio do prazer essa pessoa fica com os dois prazeres . Se há obediência ao princípio da realidade uma pessoa comum faz opção em não ter um amante.
Como reagir diante de uma traição?
Sônia também afirma que muitos traídos fingem desconhecer a traição por vários motivos. Um deles é porque a pessoa sente medo de sair da zona de conforto e ter que fazer mudanças radicais na vida, como se separar de alguém com a qual tem uma relação estável e ficar sozinha. Outro motivo forte é o de interromper a manutenção financeira da casa e dos filhos.
O perfil do traidor, para Sônia Eustaquia, não existe. Não os reconhecemos tão precisamente ou cientificamente. Existem algumas características: geralmente quem não tem remorso ou sentimento de culpa, quem não tem limites e não se importa em manter vínculos. São pessoas que não se importa com as consequências dos seus atos.
Apesar de a traição ser inerente ao parceiro, é possível evitá-la, nutrindo bem a relação para que ela não fique vulnerável a traições ou outros desgastes.