A minha experiência profissional tem me mostrado, a cada dia, que o sucesso de um relacionamento depende do grau de saúde mental daquele com quem se relaciona. Se for verdade que as comunicações se efetivam pela “ponte” da projeção transferencial, relacionar é um jogo de transferências de nossas experiências e sentimentos internos. Portanto, uma pessoa pode projetar coisas boas ou ruins o tempo todo, e isso estabelece o grau de saúde das relações. Elas poderão ser saudáveis ou repletas de conflitos, ser produtivas ou prejudicais. Tudo vai depender do que está no íntimo ou inconsciente de cada um.
No relacionamento afetivo sexual, o que mais acontece é a projeção de expectativas, quase sempre muito altas, em relação à pessoa escolhida. É acreditar na possibilidade do “outro” trazer a felicidade que não conseguiu por si mesmo. Quase sempre corresponde ao desejo de pôr fim ao processo de “castração” sofrido no curso do desenvolvimento afetivo ou à FALTA peculiar ao ser humano, que gera angústia. Portanto, essa expectativa é em si mesma irrealizável, porque nunca dependerá do outro, ou de nada externo. Por muito maravilhoso e saudável que seja o parceiro, será impossível realizar esse desejo de completude através dele.
Uma vez frustrada a expectativa depositada no outro, a pessoa se sentirá infeliz, sem sorte no amor, incompleta e com a sensação de ter feito a escolha inadequada. Muitos casais terminam os relacionamentos e, às vezes, iniciam outro sem passar primeiro por uma reflexão dos fatos desencadeadores dessas projeções. Correm o risco de repetir os mesmos “erros” com o novo relacionamento ou mesmo trocar compulsivamente de parceiros na esperança de “acertar”.
Nos relacionamentos empresariais, tenta-se uma uniformização de condutas assertivas a bem da produção e para elevar a autoestima do funcionário. Reconhece-se que uma pessoa com comportamentos “padronizadamente” saudáveis projetará positivamente em suas relações e consequentemente a harmonia grupal estará garantida, assim como a produção. Esse trabalho é realizado por meio de programas de treinamento específicos, com especialistas na área de relacionamento e crescimento humano. Geralmente tem excelente resultado.
Uma boa qualidade de vida está respaldada no quanto de saúde mental que a pessoa possui. Isso é, ter compreensão das responsabilidades nas projeções transferenciais, expectativas realistas em relação às pessoas e questões objetivas da vida, capacidade de vivenciar as frustrações, além de manter-se atento e “implicado” nos acertos e erros cometidos. É bom ter consciência de que nada acontece se não permitirmos o bom e o ruim. O segredo é fazer bom uso do livre arbítrio e estar vigilante sempre. É saber que a única coisa que foge a essa regra é a fatalidade. Portanto, a sua felicidade depende única e exclusivamente de você mesmo, e relacionar-se é um desafio surpreendentemente bom.