O que é pornografia? Como ela cresceu através da internet?
O sexo virtual e a dependência de pornografia na Internet são novas áreas de problemas enfrentados por casais e famílias.
A Sexologia Clínica e a Educacional tem ajudado significativamente a orientar a Escola e os membros da família, a buscar um terapeuta ou um intervencionista, para ajudá-los com os seus alunos e familiares “doentes”. A percepção mais evidente do conflito é de que o indivíduo com quem estão vivendo tornou-se um estranho.
Era digital: vício em pornografia e transtornos obsessivos podem estar relacionados
Experiência Clínica e educacional antes e depois da pornografia na Internet
Na clínica tenho observado que os homens que veem pornografia podem abalar a autoconfiança e prejudicar a vida sexual de suas parceiras, acabando até mesmo com o relacionamento.
- Comecei a pesquisar o assunto em 2001, depois que uma de minhas pacientes queixou-se que estava tendo dificuldades com seu parceiro viciado em pornografia.
- De 2001 até o momento indaguei a 98 mulheres entre 18 e 40 anos, com um questionário sobre a frequência com que seus parceiros viam pornografia.
- Também foram questionadas sobre o quanto estavam satisfeitas na vida sexual, como estava a autoestima e que nota cada uma dava para seu relacionamento.
- Observação: todas as mulheres que fizeram parte da pesquisa eram heterossexuais.
- Mulheres com parceiros viciados em pornografia, ou que viam muita pornografia, também apresentavam autoestima baixa e pouca satisfação sexual.
- Considero até o momento, que a solução para este tipo de caso é conversar abertamente sobre o que cada um quer, mesmo que seja algo difícil e, caso não melhore a situação, procurar um profissional para um tratamento.
- A verdadeira questão é fazer os casais serem honestos sobre o que eles precisam e querem, e sobre quais são seus desejos.
Começo a perceber que homens que veem muita pornografia:
(Amostra de 253 homens com idades de 21 a 45 anos, casados e solteiros)
- 80% – Esperam que suas mulheres pareçam e se comportem como estrelas pornô.
- 85% – Ocorre um desinteresse pelo sexo “natural” levando o casal a ter menos relações.
- Em 76% dos homens ocorre o aparecimento de disfunções sexuais “tradicionais” tratadas no cid 10 – F52 – “Disfunção sexual, não causada por transtorno ou doença orgânica” associadas diretamente com a prática de masturbação constante pós verem pornografia na internet.
- 12% – Em homens o vício aparece com comorbidades principalmente com o transtorno obsessivo compulsivo – cid 10 – F 42.
- . Em mulheres o vício ocorre com menos frequência: de 205 mulheres pesquisadas de 2001 até 2014 apenas duas apresentaram o hábito de verem pornografia para se excitarem antes e durante o ato sexual.
Relacionamentos na era digital: é possível um relacionamento saudável através de aplicativos?
Em crianças:
- A pornografia pode afetar até mesmo crianças, pelo fácil acesso à tablets e smartphones. Em 2013 , uma criança de 7 e outra de 10 apresentaram sintomas de ansiedade ( prejudicando o desempenho escolar) após contatos frequentes com vídeos pornôs trazendo cenas bizarras.
A adicção – o processo
O vício pelo computador e pela pornografia
Na ausência de uma classificação própria pelo DSM4 e pelo CID 10, classifico a Compulsão pelo Sexo Virtual, ou particularmente, pela pornografia, como sendo o comportamento de usuários que preenchem os critérios de adicção (vício), por recorrerem, frequentemente, à Internet, em busca da visualização de sites pornográficos, para fins de masturbação.
Esse comportamento, quando repetitivo e incontrolável, produz uma série de sintomas subjacentes, incluindo a abstinência, e favorece o aparecimento de outras disfunções sexuais.
Pesquisas sugerem ainda que o consumo geral de pornografia fomenta comportamentos sexuais de risco que têm sido associados a maior probabilidade de agressão sexual: como iniciação sexual precoce, atividades sexuais mais frequentes e variadas, múltiplos parceiros e maior aceitação de sexo casual. Estudos internacionais também encontraram relação entre consumo de pornografia e atitudes sexistas e pró-estupro, taxas de assédio sexual e agressão sexual.
Desta forma, a pornografia parece ter impacto sobre taxas de agressão sexual tanto de forma indireta, perpetuando o status social inferior da mulher em relação ao homem e promovendo comportamentos sexuais de risco, como de forma direta, banalizando o uso de violência nas relações sexuais.