A iniciação sexual acontece cada vez mais cedo na vida de um jovem. Segundo uma pesquisa da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), os homens experimentam a primeira relação entre os 13 e 14 anos e as mulheres entre os 15 e 16 anos. Os “responsáveis” para tal fato, na visão de Sônia Eustáquia, são a dificuldade dos pais em impor limites, a falta de orientação sexual eficiente nas escolas e uma cultura de massa extremamente erotizada, facilitando o acesso a conteúdos proibidos na internet. A sexóloga enfatiza o fácil acesso principalmente aos sites pornográficos, uma questão na qual tem sido luta constante de Sônia. A facilidade de uma criança ou um adolescente acessar conteúdos eróticos em computador, e de certa forma, fazer uso dessa facilidade é enorme. Diante dessa realidade, ela se vê no compromisso de conscientizar os educadores, pais ,e a escola, que deve adaptar os seus conteúdos a essa nova realidade. Os meios de comunicação também devem oferecer espaços para essa discussão.
Uma pesquisa feita recentemente pelo IBGE mostra que aos 15 anos 30% dos adolescentes já tiveram relação sexual, 24% fizeram isso sem camisinha na última vez que transaram. Como uma das causas desse problema Sônia aponta a principal delas: a imaturidade dos jovens. Aquele pensamento comum “pode acontecer com os outros, mas não comigo”. As DST’s e a gravidez só acontecem com o outro. Esse é o auge do pensamento mágico relacionado a sua sexualidade. Esses jovens normalmente têm acesso a informação transmitida pela escola, livros, internet e televisão, porém não acredita nelas ou pensa que não será atingido.
Ao contrário de 20, 30 anos atrás, atualmente um namoro começa com uma ficada. Aproximadamente, 2, 3 meses depois desse período que o namoro começa. Mas nesse intervalo, muitas vezes a vida sexual do casal começa. A sexóloga Sônia Eustáquia diz que hoje vê como algo natural, como um sinal dos tempos em que vivemos. Os jovens que têm vida sexual sem o compromisso do namoro são jovens normais, comuns, são pessoas boas e de bom caráter; a diferença é que se permitem escolher pela vida sexual ativa. O fato de preservar o sexo para depois de um casamento não garante felicidade na união, muito menos a fidelidade nele.
Uma das consequências dessa vida sexual prematura é a gravidez indesejada. Esse acontecimento gera grandes repercussões, principalmente na interrupção do ciclo normal de vida, tanto pelos jovens quanto para suas famílias. A garota interrompe os estudos, perde os amigos, e é obrigada a lidar com uma criança sem nenhuma preparação e maturidade. A família dessa moça é invadida por um novo programa de vida que não idealizou ou planejou. A do rapaz geralmente não sofre consequências. Tudo isso mexe com o financeiro, com o emocional e com a estrutura relacional da família. Uma gravidez e consequentemente um bebê sem planejamento traz consequências até mesmo para a saúde pública, pois, dessa forma, perde-se o investimento feito na escola, gasta-se com médicos e hospitais dentre outros.
O fato da gravidez na adolescência geralmente é recebido de formas diferentes dependendo da classe social. Nas classes mais baixas ela não é bem recebida, mas é rapidamente assimilada, pois se acredita ser da vontade de Deus, ou mesmo vista como algo inevitável. Geralmente a avó assume o papel de mãe para a criança, o pai biológico é solicitado que pague a pensão e demais despesas da gravidez e do bebê e caso ele o faça, fica tudo bem. Algumas meninas vêm o casamento e uma possível gestação, como meios de mudar a sua vida, enquanto que para os meninos a gravidez da parceira funciona como uma afirmação da sua masculinidade. Já nas classes mais altasisso é visto como algo que saiu errado, pois a jovem possuía todas as condições necessárias para ter uma vida equilibrada emocional e financeiramente, até decidir por conta própria ter seu filho, mais comum após o término dos estudos e emprego fixo.
Apesar dos fatos a tendência é os jovens continuarem a terem uma vida sexual mais precoce, porém com menos filhos e quando estiverem adultos, maduros e independentes.