Estima-se que o Brasil tem 16 milhões de homossexuais, representando quase 10 por cento da nossa população. Esses dados são mais reveladores do que se possa imaginar, pois significam que esse número de pessoas já admite sua homossexualidade publicamente, fato
inimaginável há poucos anos. Mesmo assim o preconceito e a discriminação ainda existem. Para a sexóloga Sônia Eustáquia a homossexualidade não é uma escolha, tampouco uma doença ou transtorno, é uma orientação sexual. Entendendo a orientação como algo que se inicia na infância de forma mais velada e que na adolescência emerge já definida como orientação.
A mudança que está em processo em relação a visão dos homossexuais no mundo para Sônia é uma mudança do bem. Que visa a igualdade entre as pessoas independente de qualquer diferença de raça, cor, sexo e religião. Isso é humano e faz parte da constituição de um país civilizado que privilegia a ética e a moral.
Junto com a mudança social, de aceitação dos homossexuais no mundo vem também a mudança jurídica e civil, principalmente a respeito do casamento de pessoas do mesmo sexo. Apesar da dificuldade da aceitação por parte da igreja ou de seguidores dela, para os profissionais da psicologia isso é muito normal, pois o casamento é a união de um amor e respeito mútuo, que deve ser respeitado e compreendido. Como cidadão toda pessoa tem direito ao casamento, e a formação de uma família e obviamente isso inclui o homossexual.
A sexóloga e psicóloga afirma que a terapia é quase sempre necessária para os homossexuais. Quando o sofrimento se instala por ocasião da sublimação, quando o sofrimento é motivado pela não aceitação da família ou sociedade ou mesmo quando a relação das duas pessoas (homossexuais) começa a produzir conflitos. Ou até mesmo quando não se identificam com o seu corpo (gênero) e consequentemente se vêm em conflitos pessoais.
A terapia sempre vai ajudar na auto aceitação na integração com os grupos e até mesmo se tiver conflitos relacionados a alguma culpa ou direção na vida. Por exemplo, quando o casal homo deseja adotar ou ter filhos, como foi aquele caso da mídia, do casal de 2 mulheres onde uma delas recebeu inseminação artificial e teve gêmeos. A formação de uma família a partir de homos é mais complicada que uma família de heteros, porque estes filhos vão conviver de maneira diferente na escola e sociedade de maneira geral.
Sônia Eustáquia frisa a ideia de que os pais que não aceitam a opção sexual dos filhos devem insistir no amor. O amor aos filhos tem que ser incondicional e por isso não deve ser a orientação sexual um fator de conflitos ou rompimento de vínculos. É perceptível que quando nasce uma criança a família tece logo uma série de projetos para a vida desse filho, e tudo que fugir a essa idealização é percebida com sofrimento. No caso da homossexualidade esse sofrimento aumenta muito no caso de pais machões. Ele dizem preferir um filho morto ou doente do que homo. Então é amar, compreender, aceitar ajudar a vencer os conflitos peculiares da vida e principalmente da vida sexual.