Exercícios na 3ª idade: entenda como eles auxiliam a qualidade de vida.

Exercícios na 3ª idade: entenda como eles auxiliam a qualidade de vida e preserva as funções cognitivas

Dentre as alterações psicossociais e emocionais que ocorrem com o envelhecimento destacam-se a diminuição da autoestima e do bem-estar psicológico e aumento da ansiedade, que podem levar ao desenvolvimento da depressão. Além disso, no longo prazo, essas alterações podem influenciar no declínio das capacidades funcionais, cognitivas e consequentes prejuízos na qualidade de vida dos idosos.

Observa-se em idosos o aparecimento ou agravamento de depressão. Ela ainda possui os seus sintomas clássicos, tristeza, visão negativa de si e do mundo, alterações no apetite, libido, sono e ânimo, dentre outros. A depressão mesmo analisada em diferentes abordagens dentro das ciências psicológicas, ainda faz vínculo com o fator “perda” e “disposições patológicas ou esquemas” com estruturas enraizadas de personalidade. É fato que o idoso perde muitas pessoas do seu afeto, pais, irmãos, esposa ou esposo e isso agrava o nível de predisposição à depressão.

O exercício é um intensificador natural do humor, pois o corpo libera endorfinas que fazem as pessoas se sentirem bem.

Por que fazer exercícios na 3ª idade?

Perda de volume de substância cinzenta e branca no cérebro de idosos tem sido observada em regiões frontais, temporais e parietais. Entretanto, idosos que apresentam melhor condicionamento aeróbio apresentam menor nível de perda em comparação a idosos menos condicionados.

Maior condicionamento físico resulta em maior aporte sanguíneo – fluxo sanguíneo no cérebro -, maior capilarização – estruturas que parecem vasos e permitem a circulação de substâncias – ,aumento da neurogênese – o que leva à formação do sistema nervoso – e aumento da sinaptogênese – processo de formação de sinapses entre os sistema nervoso central.

Além de alterações nos níveis de ativação de áreas associadas a controle da atenção e resolução de conflitos, tais como o giro frontal médio, o giro frontal superior e o córtex do cíngulo anterior. Todas essas alterações parecem resultar em um cérebro mais plástico, adaptativo, que se traduz funcionalmente em melhor desempenho cognitivo do idoso ativo.

A atividade esportiva pode melhorar ainda o humor pela liberação da endorfina e alegria pela consideração empregada pelo personal trainer ou instrutor de academia na ocasião dos treinamentos. Isso aumenta a autoestima do idoso e o deixa mais receptivo para as outras demandas da vida. O sentimento de dever cumprido está sempre presente naqueles que fazem exercícios ou prática de esportes, o que também leva ao aumento de autoestima.

Outro ponto importante é que, ao praticarem exercícios físicos, idosos podem manter um nível ativo em suas funções físicas, cognitivas, sociais e psicológicas. Dentre as modalidades de exercício físico existentes a dança recebe grande atenção por parte da população idosa, por proporcionar um ambiente de descontração e divertimento no qual os idosos acabam se identificando com indivíduos de características culturais semelhantes e interagem socialmente com os demais praticantes. Eles ainda expressam suas emoções e reviverem sentimentos do passado.

Deste modo, a prática da dança pode beneficiar a qualidade de vida dessas pessoas, que acabam deixando de lado muitos problemas, como a timidez, a ansiedade e a depressão, colaborando consequentemente para uma melhor qualidade de vida.

O convívio com amigas e amigos em ambientes como academias também pode criar novos laços de amizade e até mesmo de relações amorosas. É comum esses grupos fazerem viagens longas ou curtas e a alegria e o sentimento de auto estima estarem sempre presentes.

Como criar o hábito de fazer exercícios físicos depois de mais velho?

O idoso é como uma criança que cresceu e se transformou em adulto e daí deu sequência à velhice. Por isso, a aquisição de hábitos e práticas novas depois de uma certa idade é difícil, se essa pessoa não foi educada para esses hábitos.

Os idosos reclamam muito que há uma “falta de respeito” dos filhos e parentes quanto à escolha do que eles devem fazer, e não do que eles querem fazer, resultando numa “pirraça” em não fazer. Por isso, os jovens e os adultos que foram introduzidos à prática de exercício durante a vida são mais fáceis de serem motivados na velhice. Também são mais fáceis de adquirir hábitos saudáveis aqueles idosos que sempre foram educado para isso.

Em termos neuropsicológicos há o que chamamos de terapia de “reabilitação”, que é uma maneira de “treinar” o idoso para condutas saudáveis e adaptativas. Mas, o melhor mesmo é motivá-lo a tomar consciência da importância do exercício para a sua longevidade saudável e feliz, embora seja bastante difícil, não é impossível.

Qual a relação entre o esporte e as doenças de danos neurológicos?

Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), hábitos que protegem o coração protegem também o cérebro. Entre outras coisas, o órgão destaca que o exercício físico reduz o risco de demência.

A relação entre exercício físico e demência segue a lógica das recomendações para a saúde cardiovascular. A prática regular protege contra quadros demenciais. Outras medidas, como não fumar, não abusar do álcool, controlar o peso e manter os níveis de colesterol, pressão arterial e açúcar no sangue dentro da normalidade também ajudam a reduzir o risco de desenvolver a condição.

A demência é caracterizada pelo declínio gradativo da capacidade intelectual. Há deterioração da cognição, que controla a nossa inteligência e a capacidade de nos relacionarmos com o ambiente, compreender informações e tomar decisões a partir delas. Conforme a condição progride, os processos cognitivos vão se embaralhando e a realidade começa a ficar deturpada. Existem vários tipos de demência, sendo que a mais comum é a doença de Alzheimer. No início, a pessoa começar a ter lapsos de memórias recentes, mantendo as memórias antigas por mais tempo. A deficiência cognitiva vai se instalando aos poucos e, eventualmente, as lembranças do passado também serão atingidas.

A demência é uma das principais causas de dependência e incapacidade entre idosos, alterando significativamente também a vida de familiares e pessoas do entorno. Outro grande impacto ocorre na economia. Até 2030, estima-se que os custos de atendimentos a pessoas com demência cheguem a 2 trilhões de dólares por ano. A cada ano, são quase 10 milhões de novos casos diagnosticados.

No entanto, de acordo com estudo publicado na revista acadêmica British Medical Journal, exercícios físicos para pessoas com sintomas de demência leve ou moderada “não funcionam”. Os cientistas queriam testar sugestões, feitas por estudos anteriores, de que exercícios poderiam prevenir o declínio de habilidades cognitivas, como no caso de pacientes com Alzheimer. Os pesquisadores disseram que não identificaram melhora nas habilidades de raciocínio ou no comportamento da doença ao analisar os casos de mais de 300 pessoas na casa dos 70 anos que fizeram exercícios aeróbicos e de força durante quatro meses.

O lado positivo foi que o condicionamento físico dos que participaram da pesquisa melhorou. Mas foi constatado que, 12 meses depois, as habilidades cognitivas das pessoas que fizeram exercícios tiveram um declínio levemente maior do que pessoas que não fizeram. Novos testes devem ser feitos para explorar outras formas de exercícios, dizem os pesquisadores, da Universidade de Oxford.

O que já sabemos e é comprovado é que o idoso fica menos suscetível à doenças mentais, como ansiedade e depressão, caso faça exercícios. As lesões cerebrais e demências são independentes de acontecer em relação à exercícios físicos e sim com outros fatores: hábitos de vida diária, genética ou hereditariedade.

Por isso é importante se manter ativo desde jovem. Uma pessoa com a saúde em dia e que faz exercícios regularmente tende a “envelhecer melhor”.

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