Como fica a vida sexual depois do câncer de mama

A decisão da atriz Angelina Jolie de divulgar publicamente sua dupla mastectomia fez mais que dobrar o número de mulheres britânicas em busca de testes genéticos de câncer de mama, de acordo com uma pesquisa divulgada no dia 19 de setembro. O estudo do chamado “Efeito Angelina”, publicado pelo periódico Breast Cancer Research, foi feito em 21 clínicas e centros genéticos regionais do Reino Unido.
As mulheres portadoras da doença além de terem que lidar com aspectos relacionados ao físico, como dor e mutilações, passam por forte impacto psicológico, resultando em sentimentos de várias intensidades e naturezas, como medo, dúvida, angústia e ansiedade. Para a sexóloga e neuropsicóloga Sônia Eustáquia Fonseca “pelo alto índice de mortalidade o diagnóstico do câncer de mama é quase sempre associado com a morte, fazendo com que seja aterrorizante e difícil de ser enfrentado”.
Além disso, o câncer de mama também apresenta um grande impacto na vida sexual da mulher. “Passada essa luta contra o câncer, contra a morte, a mulher depois de vencer tudo isso ainda precisa lidar com o seu corpo modificado. O câncer afeta a imagem corporal dessa mulher e os diferentes aspectos da sua vida social. A feminilidade é comprometida com a retirada da mama, parte do corpo com a qual a mulher se identifica, e o sentimento vivido após essa perda produz modificação nos objetivos e planos de vida”, diz a sexóloga.
E se no social já é difícil, na vida afetiva também há outros grandes desafios “Algumas mulheres valorizam a dimensão afetiva da sexualidade em suas formas de sedução, troca de carícias, cumplicidade, toque etc. Outras mulheres sentem- se péssimas por não conseguir se relacionar com o próprio corpo e com o parceiro.  Algumas relatam que antes da doença eram mais alegres  e que depois se transformaram em pessoas tristes, reservadas e isoladas do meio social. São mulheres que associam a sexualidade ao aspecto genital, e durante as relações sexuais sentem-se inibidas, e tentam ocultar a mama mutilada mesmo quando colocam prótese de silicone”, diz Sônia Eustáquia.
E é aí que entra a importância do parceiro e as formas como ele pode ajudar. “Normalmente o parceiro não sabe como agir. Os seios de sua mulher, anteriormente pensados e tratados como ponto de erotismo e prazer, se transformam em foco de tratamento ou mesmo de mutilação e produz muita confusão de sentimentos. Ele pode ajudar acompanhando a sua mulher às consultas e tratamentos, respeitando a privacidade do corpo dela e se aproximar dessas mamas só quando solicitado. O mais importante é que ele tente não fazer de conta que nada está acontecendo e encare as conversas sobre o assunto. Ficar mais romântico, privilegiar os comportamentos românticos e sensuais que não levam em conta os seios, por exemplo, é uma boa dica”, afirma Sônia.
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TEXTO ORIGINALMENTE PUBLICADO NO SITE: http://www.jornaltudobh.com.br/bemestar/como-fica-a-vida-sexual-depois-do-cancer-de-mama/

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