É comum que certas paixões marquem profundamente a vida de uma pessoa e sejam difíceis de serem esquecidas. Mesmo com um novo amor, às vezes há uma insegurança quando encontramos ou só ouvimos falar de uma paixão antiga. Cientificamente falando, a memória é uma condição neurobiológica e privilegiada nos humanos. Ela serve para guardar o que registramos com os nossos cinco sentidos. Ela nos traz o evento ou sentimento quando o evocamos. Ela tem que fazer um trabalho cotidiano de seleção do que precisamos lembrar e do que temos que deixar bem guardado, como se fosse um livro na última prateleira da estante. Não é possível apagar da memória alguém que fez parte da nossa vida, porém, é possível o guardarmos na última prateleira e só tirar de lá quando for necessário. Quanto mais importante for um evento em nossa vida, mais fácil será lembra-lo. Como um livro colocado na estante, bem ao alcance das mãos. Existem casos de lesões cerebrais onde essa memória poderá não responder dessa forma. Em situações normais de vida podemos escolher não lembrar constantemente de uma pessoa ou “apagá-la” da memória.
Para saber se foi superado basta ver a pessoa ou o que a represente, ou mesmo lembrar-se dela e não sentir nenhum sofrimento e dor. Para a psicóloga, o não esquecimento de um relacionamento pode virar uma obsessão. Em circunstâncias mais comuns, isso ocorre quando um da relação não quer mais e o outro insiste em querer. Porém, ela afirma: o amor deve ser inteligente e sadio.
A obsessão acontece quando a pessoa já possui essas características em sua personalidade. É comum com pessoas menos saudáveis do ponto de vista mental. Também pode acontecer se a pessoa for muito imatura afetivamente ou mimada. Pessoas que não aprenderam na vida a lidar com a frustração e perdas. Muitas famílias educam seus filhos sem dizer “não”, sendo assim, frente a uma situação nova de perda ou frustração, eles não sabem reagir, lutando para afastar o obstáculo. Como consequência eles tendem a recuar, ou se tornam obsessivas frente a pessoa perdida. Geralmente o obsessivo não dá sossego para o outro ou outra que teve o relacionamento, chegando mesmo a fazer-lhe algum mal físico ou emocional, sendo até mesmo a perseguição ou crimes passionais. Uma terapia é necessária nesse momento tanto para o obsessivo quanto para quem é vítima da obsessão do outro. Ela ajuda a enxergar melhor os fatos e também a fazer o luto da situação e assim superar e aceitar a perda como condição de sofrimento humano normal.
Quando um casal briga e se separa por motivos “fúteis”, como o ciúme exagerado, falta de diálogo, ou mesmo quando não conseguem mais ter desejo um pelo outro, prejudicando a relação íntima, Sônia afirma que é aconselhável fazer uma terapia de casal e retomar a relação. Porém motivos como a agressão verbal e física, o desrespeito e deslealdade de um pelo outro, quando o casal não consegue restabelecer o diálogo e principalmente quando não suportam o contato físico, são aspectos nos quais, para a sexóloga, o relacionamento não deve ser retomado. Principalmente no caso da existência de filhos, pois pode atrapalhá-los seriamente.
Para voltar para um relacionamento é necessário novos paradigmas e, muitas vezes, a ajuda de um profissional, simplesmente porque ele é tecnicamente preparado e também porque tem distanciamento do problema e por isso está emocionalmente tranquilo para enxergar as dificuldades e propor soluções. É comum casais tentando sozinhos, apenas cedendo ou até mesmo se anulando na relação para que ele possa prosseguir. Isso é um erro, mais cedo ou mais tarde, os problemas voltam e costumam ser mais robustos, dificultando até o trabalho do terapeuta. Também pode acontecer com aquele que fica “engolindo” os problemas, o aparecimento das doenças psicossomáticas.
É usual casais que já se separaram e voltaram mais vezes, onde os motivos das separações sempre foram os mesmos. Isso é um mal sinal. Se o motivo é o mesmo, significa que a pessoa não mudou a conduta. Ela repete e insiste no mesmo erro. Não é normal ir tentando à toa, sem uma consciência no meio desse caminho. O casal corre o risco de perder o bem mais precioso da vida a dois que é o respeito e o brio. Geralmente essas tentativas levam ao rebaixamento da auto estima de um dos cônjuges ou dos dois. Quando há filhos é um péssimo exemplo. Devemos nos lembrar que o casal de pais devem dar exemplo de superação e não tratar as coisas sérias da vida como brincadeira ou irresponsabilidade. Os imaturos quando frustrados , a primeira coisa que lhes ocorre é a separação, e brincam com a possibilidade de voltar de novo, enquanto que a única alternativa é o diálogo amoroso e respeitoso