Alcoolismo

O alcoolismo se define como uma doença caracterizada por problemas recorrentes associados ao fato de ingerir álcool. Esses problemas se referem a diferentes áreas: familiares, educacionais, legais, financeiras, médicas e ocupacionais.

A maneira mais fácil de prevenir o alcoolismo é não consumir bebidas alcoólicas, ou fazê-lo moderadamente.

– Beba socialmente, sem ultrapassar seu limite de tolerância, e não fume.

– Tenha uma alimentação equilibrada à base de frutas, legumes e verduras.

– Reveja seu grupo de amigos; ele pode ser o responsável por incentivá-lo ao consumo abusivo da bebida.

– Pratique esportes, viaje, leia mais, ouça mais música, assista a bons filmes, converse com seus amigos. Essas são alternativas de lazer e qualidade de vida que podem inibir o consumo de bebida alcoólica.

– Não misture bebidas alcoólicas.

– Não dirija após consumir bebidas alcoólicas.

– Medicamentos antirressaca não impedem os efeitos prejudiciais do álcool e podem afetar ainda mais o seu estômago.

Causas:

Vários fatores contribuem para o desenvolvimento da doença, mas cada caso é um caso.

Na família, por exemplo, se um dos pais é alcoólatra, a probabilidade de o filho desenvolver a doença se torna grande. A razão disso não é conhecida, mas anormalidades genéticas ou bioquímicas podem ser consideradas, assim como fatores psicológicos, baixa autoestima, decepções amorosas etc.

Fatores sociais, como a facilidade de acesso ao álcool, aceitação social do vício e estilo de vida estressante, também incentivam o alcoolismo.

Tipos de tratamento:

•             Alcoólicos anônimos (AA)

•             Psicoterapia

•             Remédios

O tratamento do alcoolismo não deve ser confundido com o tratamento da abstinência alcoólica. Como o organismo incorpora literalmente o álcool ao seu metabolismo, a interrupção do consumo de álcool faz com que o corpo se ressinta. A isso chamamos abstinência, que, dependendo do tempo e da quantidade de álcool comumente ingeridos, pode causar sérios problemas e até a morte nos casos não tratados. As medicações supracitadas não têm a finalidade de atuar nessa fase. A abstinência já tem suas alternativas de tratamento bem estabelecidas e relativamente satisfatórias.

O dissulfiram é uma substância que força o paciente a não beber, sob pena de intenso mal-estar: o medicamento não suprime o desejo e deixa o paciente num conflito psicológico amargo. Muitos alcoólatras morreram por não conseguirem conter o desejo pelo álcool enquanto estavam sob efeito do dissulfiram. Mesmo sabendo o que poderia acontecer, não conseguiram evitar a combinação do álcool com o dissulfiram, não conseguiram sequer esperar a eliminação do medicamento pelo organismo. Fatos como esses servem para que os clínicos e os não alcoólatras saibam o quanto é forte a inclinação para o álcool, mais forte que a própria ameaça de morte.

Esses casos servem também para medir o grau de benefício trazido pelas medicações, atualmente disponíveis, que suprimem o desejo pelo álcool. Podemos fazer uma analogia para entender essa evolução. Com o dissulfiram o paciente tem que fazer um esforço semelhante ao do motorista que tenta segurar um veículo ladeira abaixo, pondo-se à frente deste, tentando impedir que o automóvel deslanche, atropelando o próprio motorista. Com as novas medicações, o motorista está dentro do carro apertando o pedal do freio até que o carro chegue no fim da ladeira. Em ambos os casos, é possível chegar ao fim da ladeira (controle do alcoolismo): num deles o esforço é enorme, causando grande percentagem de fracassos; noutro, o esforço é pequeno, permitindo grande adesão ao tratamento.

O que é?

O alcoolismo é o conjunto de problemas relacionados ao consumo excessivo e prolongados do álcool; é entendido como o vício de ingestão excessiva e regular de bebidas alcoólicas, com todas as consequências. Portanto, trata-se de um conjunto de diagnósticos; dentro do alcoolismo existe: a dependência, a abstinência, o abuso (uso excessivo, porém não continuado), intoxicação por álcool (embriaguez); síndromes amnésicas (perdas restritas de memória), demencial, alucinatória, delirante, de humor; distúrbios de ansiedade, sexuais, do sono e distúrbios inespecíficos. Por fim, o delirium tremens, que pode ser fatal.

Assim o alcoolismo é um termo genérico que indica algum problema; mas medicamente, para maior precisão, é necessário apontar qual ou quais distúrbios estão presentes, pois geralmente há mais de um.

 

Consequências do alcoolismo

Sistema nervoso. Amnésias nos períodos de embriaguez acontecem em 30%-40% das pessoas no fim da adolescência e início da terceira década de vida — provavelmente o álcool inibe algum dos sistemas de memória impedindo que a pessoa se recorde de fatos ocorridos durante o período de embriaguez. Induz a sonolência, mas o sono sob efeito do álcool não é natural, com registro de alterações no eletroencefalograma.

Entre 5 e 15% dos alcoólatras apresentam neuropatia periférica. Este problema consiste num permanente estado de hipersensibilidade, dormência, formigamento nas mãos, pés ou ambos. Nas síndromes alcoólicas é possível encontrar quase todas as patologias psiquiátricas: estados de euforia patológica, depressões, estados de ansiedade na abstinência, delírios e alucinações, perda de memória e comportamento desajustado.

Sistema gastrintestinal. Grande quantidade de álcool ingerida de uma vez pode levar a inflamação no esôfago e estômago, podendo implicar sangramentos, enjoo, vômitos e perda de peso. Esses problemas costumam ser reversíveis, mas as varizes decorrentes de cirrose hepática, além de irreversíveis, são potencialmente fatais devido ao grande volume de sangramento elas podem acarretar.

Pancreatites agudas e crônicas são comuns nos alcoólatras, constituindo-se uma emergência à parte. A cirrose hepática é uma complicações mais faladas sobre os alcoólatras. Trata-se de um problema irreversível e incompatível com a vida, levando o alcoólatra lentamente à morte.

Câncer. Os alcoólatras estão 10 vezes mais sujeitos a qualquer forma de câncer que a população em geral.

Sistema cardiovascular. Doses elevadas por muito tempo causam lesões no coração, provocando arritmias e outros problemas, como trombos e derrames consequentes. É relativamente comum a ocorrência de um acidente vascular cerebral após a ingestão de grande quantidade de bebida.

Hormônios sexuais. O metabolismo do álcool afeta o equilíbrio dos hormônios reprodutivos no homem e na mulher. No homem o álcool contribui para lesões testiculares, prejudicando a produção de testosterona e a síntese de esperma. Já com cinco dias de uso contínuo de 220 g de álcool os efeitos retromencionados começam a se manifestar e pioram com a permanência do álcool. Essa deficiência de testosterona contribui para a feminilização dos homens, ocasionando, por exemplo, a ginecomastia (presença de mamas no homem).

Hormônios tireoidianos. Não há evidências de que o alcoolismo afete diretamente os níveis dos hormônios tireoidianos. Há pacientes alcoólatras que apresentam alterações tanto para mais como para menos nos níveis desses hormônios. Presume-se que isso ocorre de forma indireta, por afetar outros sistemas do corpo.

Hormônio do crescimento. Alterações desse hormônio são observadas em indivíduos que abusam de álcool; mas, até o momento, não se verificaram repercussões físicas detectáveis, como inibição do crescimento ou baixa estatura.

Hormônio antidiurético. Esse hormônio inibe a perda de água pelos rins. O álcool inibe esse hormônio e, como resultado, a pessoa perde mais água que o habitual, urinando mais, podendo levar a desidratação.

Ocitocina. Esse hormônio é responsável pelas contrações do útero no parto. O álcool tanto pode inibir um parto prematuro como atrapalhar um parto a termo, ou seja, pode ser tanto terapêutico como danoso.

Insulina. O álcool não afeta diretamente os níveis de insulina. Quando isso acontece é por causa de uma possível pancreatite, que é outro processo distinto. A diminuição do açúcar no sangue não se deve à ação do álcool sobre a insulina ou sobre o glucagon (outro hormônio envolvido no metabolismo do açúcar).

Gastrina. Esse hormônio estimula a secreção de ácido no estômago preparando-o para a digestão. O principal estímulo para a secreção de gastrina é a presença de alimentos no estômago, principalmente as proteínas. É controverso o efeito do álcool sobre a gastrina. Alguns pesquisadores dizem que o álcool não provoca sua liberação, outros dizem que sim, aumentando a acidez estomacal. É possível a ocorrência de úlceras no aparelho digestivo.

O alcoolismo tem influência genética?

A influência familiar do alcoolismo é um fato já conhecido e aceito. O que se pergunta é se o alcoolismo ocorre por influência do ambiente ou por influência genética.

Para responder a essa pergunta a melhor maneira é a verificação prática da influência, estudando os filhos dos alcoólatras. Estudos como esses investigam os gêmeos monozigóticos (idênticos) e os dizigóticos. Comparando grupos de irmãos idênticos com não idênticos, constatou-se que a ocorrência de alcoolismo em ambos os gêmeos é significativamente maior no grupo de irmãos idênticos em relação ao de não idênticos.

Apesar de essa constatação mostrar a influência genética real, sabe-se que, sozinha, ela não é capaz de levar alguém ao alcoolismo, dependendo também de fatores do ambiente onde vive o indivíduo.

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