Vacinação contra o HPV desperta conversa sobre sexo entre pais e filhos

No último dia 10, o Ministério da Saúde começou a disponibilizar pela primeira vez, gratuitamente, a vacina contra o HPV para meninas entre 11 e 13 anos. A meta é vacinar 80% do público alvo, formado por, aproximadamente, 5,2 milhões nessa faixa etária. A vacina protege somente contra o vírus HPV, que é a principal causa do câncer de útero, mas não dispensa o uso da camisinha e de outros métodos contraceptivos, pois mesmo vacinada a menina ainda está suscetível a todas as outras Doenças Sexualmente Transmissíveis.

A psicóloga e sexóloga Sônia Eustáquia Fonseca garante que mesmo que a vacina contra HPV seja um assunto de Saúde Pública e tenha que ser abordado pelos pais, ainda é muito difícil para eles sanar as dúvidas dos filhos. Até porque, quando se trata da sexualidade de suas ‘menininhas’, pais e mães não sabem até que ponto podem ou devem chegar para não influenciar na iniciação sexual.

De acordo com a especialista, muitas pessoas acreditam que falar sobre o assunto é permitir que a sexualidade genital ocorra precocemente com as filhas. “Outro dia eu li sobre uma mãe que proibiu a filha de se vacinar, porque segundo ela, essa permissão estaria implicitamente, permitindo e incentivando a vida sexual da filha. Como essa mãe que se declarou contra, deve existir vários outros pais e responsáveis para os quais o assunto sexo ainda é tabu”, contou Sônia.

Ela reforça que é de extrema importância que as meninas, juntamente com seus pais, procurem boas fontes para saberem mais sobre o assunto. “Pesquisar aleatoriamente pode estar trazendo sérios riscos para a saúde das crianças e jovens”, alertou Sônia.

Dicas para um diálogo saudável

Para a psicóloga, mesmo que indiretamente, a Campanha consegue que o assunto seja falado entre pais e filhos. “Muitas vezes o diálogo dentro de casa surge a partir da problematização e essa é uma questão que obriga todos a discutir. Esclarecer de forma saudável, de maneira que não reprima e que ao mesmo tempo não torne o assunto banal e não incentive o sexo precoce ainda é um desafio para todos.”.

Existem muitas formas para que o tema sexualidade seja abordado dentro de casa. Segundo a sexóloga, um diálogo mais aberto, mais sincero, onde as frases “Eu ainda sei o que é melhor para você” e “Estou dizendo isso porque te amo” é, sem dúvidas, a melhor saída na hora que a conversa se tornar necessária. “Uma criança ou um jovem tem a tendência de compreender a abordagem dos pais como repressão, enquanto, na verdade, é somente a colocação de limites e educação. Por isso que é de extrema importância que a abordagem seja feita com cautela. Para que todas as informações sejam bem absorvidas”.

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