Especialista explica que ser feminista é estar ou não inserida em um movimento social, filosófico e político que tem como objetivo os direitos iguais entre os sexos.
Muitas mulheres não se calaram diante da violência sexual, o feminicídio, a misoginia, o preconceito sobre a cor da pele e fizeram disso um movimento a favor de si mesmas e de tantas outras. Mas, afinal, o que é o feminismo? Segundo a psicóloga Sônia Eustáquia, trata-se de um movimento social e político que tem como objetivo conquistar o acesso a direitos iguais entre homens e mulheres e que existe desde o século XIX. “Feminismo não é o contrário de machismo. Enquanto ele busca construir condições de igualdade entre os gêneros, o machismo é o comportamento que coloca o homem em posição de superioridade com relação à mulher”.
Para a especialista, o feminismo não pode ser falado no singular e a principal característica é a sua singularidade e a preconização a solidariedade entre as mulheres, seja qual for o problema que a atinja. Vejam alguns números que legitimam todo esse movimento no Brasil:
- A cada 12 segundos uma mulher é violentada, de acordo com uma pesquisa da Secretaria de Políticas para Mulheres do Governo Federal;
- A cada 10 minutos, uma mulher é estuprada, de acordo com o Mapa da Violência;
- A cada 90 minutos uma mulher é assassinada, de acordo com o IPEA.
- As mulheres ainda ganham em média 30% a menos do que os homens para exercer a mesma função, de acordo com uma pesquisa do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID);
- Mulheres também são maioria no trabalho doméstico, acumulando funções dentro e fora de casa;
- São as maiores vítimas de assédio sexual no trabalho, normalmente cometido por homens em situação de hierarquia superior.
“Todas essas violências estão relacionadas à questão de gênero. São casos que durante muito tempo foram chamados de “passionais” e que acontecem dentro de casa, no seio familiar, e que se diferem da violência que atingem os homens, que morrem por diversos motivos, mas nunca por serem homens. Enfim, por vários motivos, ainda há muito o que conquistar em termos de direitos”, declarou Sônia.
A luta das mulheres negras
Se a luta das mulheres é árdua e esbarra em várias camadas de machismo, abuso, assédio e falta de direitos apenas por seu gênero, imagine incluir nesse cenário a cor da pele, o formato dos cabelos, a história de escravidão no passado e muitos outros problemas históricos. Nessa conta, coloque também a exploração de um estereótipo sexual. A soma de tudo isso é ser mulher negra na sociedade hoje, ontem e sempre.
Por isso, Sônia considera que o feminismo negro como “a minoria dentro da minoria”. “Enquanto as mulheres brancas buscam equiparar direitos civis com os homens brancos, as negras carregavam nas costas o peso da escravatura, ainda relegadas à posição de subordinadas; porém, essa subordinação não se limita à figura masculina, pois a mulher negra também estava em posição servil perante a mulher branca”, lembrou a psicóloga.