internet e sexualidade

Internet e Sexualidade

Internet e sexualidade

Entrevista concedida à Rádio Inconfidência no dia 10 de maio de 2016.

Os psicólogos nos alertam para o risco de se viciar em internet, ou mesmo em estar se prejudicando pelo mau uso dela. Mas gostar ou usar com frequência não faz da pessoa um dependente. É considerada uma doença quando uma pessoa não consegue viver sem. É o caso de quem larga tudo pela internet: deixa de namorar, de ter relações sexuais com a namorada ou esposa, deixa de fazer programas com a família e com os amigos, tem seu desempenho profissional prejudicado, não dorme nem se alimenta corretamente para ficar navegando. Quando a pessoa não consegue reconhecer ou mudar a situação e a vontade é de ficar conectada é maior do que tudo.

 1 –  É bastante comum um casal ou mesmo uma família estarem em um restaurante e na mesa todos estarem conectados à internet, cada um com seu smartfone escrevendo no WhatsApp ou mesmo respondendo e-mails ou vendo o facebook. Esse comportamento tem prejudicado as relações humanas, familiares e do casal?

As redes sociais da internet são ótimas ferramentas para o bem. Mas podem ser usadas para o mal. Podem aproximar ou distanciar as pessoas. É um bom momento para refletirmos como estamos usando a rede social, principalmente as famílias devem ficar atentas aos filhos que muitas vezes preferem se comunicar via internet em detrimento do encontro presencial. O que fazer para evitar exageros? E a pergunta que a sociedade deve fazer incluindo aí os casais.

2 – As formas de relacionamento humano mudaram depois do advento da Internet e principalmente o das redes sociais. Pontualmente, o que mudou para homens e mulheres no critério “sedução”?

Os mais jovens desaprenderam a maneira anterior de seduzir. Hoje eles contam com as longas conversas em WhatsApp ou através do facebook. Tudo bem pensado, escrito com cuidado e gozando do privilégio em não ter o interlocutor ao alcance dos olhos. Para os ansiosos está me parecendo que piorou. Alguns jovens relatam que de uma resposta a outra no WhatsApp a sensação de expectativa pode parecer eterna. Seduzir a maneira de 10 anos atrás hoje parece impossível a eles.

3 – Podemos dizer que a abundância de pornografia via internet mudou o comportamento sexual dos homens? E das mulheres? Gostaria que você comentasse sobre os prós e os contras dessa realidade.

Sim mudou muito principalmente entre os homens. A fantasia é o principal ingrediente para o ciclo sexual de mulheres e homens, entretanto o “imaginar” que faz parte, hoje está perdido entre os inúmeros estímulos de “filminhos” pornográficos recebidos por WhatsApp ou facilmente conseguidos pela internet. Esse ingrediente novo no comportamento, principalmente masculino, ainda não foi “digerido” adequadamente. São vários os sintomas novos que apareceram, eles vão da dificuldade com o desejo, passam pela ejaculação precoce por causa do excesso de masturbação, que de certa forma não exige esforço algum quando comparada a uma relação presencial. Dentre outras consequências.

4 – Você considera o uso abusivo do tempo gasto navegando na internet como um agravante para as relações de um casal? Esse tempo não poderia estar sendo usado para bater papo, colocar as questões diárias em dia ou mesmo namorando?

Sim. Claro. Eu conheço mulheres que levam o celular para a cama e ali, sem nenhum combinado anterior com o marido, fica no face book. Eu acredito que haja homens também que façam a mesma coisa. Eu acho que as pessoas têm perdido muito tempo com o uso excessivo das redes sociais e papos no WhatsApp. Posso até comparar com o tempo perdido vendo novelas,

5 – É claro que cada um tem que ter o bom senso quanto ao tempo gasto usando as redes sociais e em frente ao computador, mas, qual seria uma boa média de tempo diário? Não para o trabalho, que muitas vezes exige que a pessoa fique horas no computador, mas, de rede social mesmo?

Eu creio que uma média de uma hora e meia, seja o suficiente para uma pessoa comum, colocar os e-mails e face book em dia.

Existem algumas regrinhas que é bom lembrar:

a – Seja seletivo nas suas redes;
b – Cancele e-mails de notificações;
c – Determine um foco nas redes;
d – Determine horários;
e – Siga poucas pessoas, mas relevantes;
f – Utilize agregadores – Existem sites e softwares que permitem centralizar suas redes sociais ou atualizar a partir de um único post ;
g – Seja relevante nas suas redes;
h – Aproveite seu tempo de espera – Eu gosto muito de atualizar minhas redes a noite antes de dormir, mas, quem viaja muito por exemplo pode atualizar quando está no aeroporto, ponto de ônibus ou dentro dele;
i – Rede social não requer “real time answer” – Não sinta-se obrigado a responder uma mensagem na mesma hora que a pessoa te enviou. Se fosse urgente de verdade, ela encontraria outra forma de falar com você;
j – A vida existe lá fora – Não é porque a vida social se tornou digital que você vai se esconder atrás de um computador em seus relacionamentos. É preciso reservar um tempo para estar junto com os amigos e família presencialmente!

http://www.soniaeustaquia.com.br/vicio-em-celular-atrapalha-vida-afetiva/

6 – Uma pessoa pode preferir ficar nas redes sociais a ter uma relação amorosa com a namorada ou esposa?

Sim. Eu conheço muitos casos de mulheres que ficam por tempo demais no face book  e protelam ir deitar e ter um encontro amoroso com o marido. Em homens, eu já tratei alguns casos graves, como por exemplo, homens que não saiam mais de casa para festas onde fariam novos amigos, namoradas ou “ficantes”. Preferiam ficar em casa para ver filmes pornográficos e masturbar. Com o passar do tempo estavam viciados, e o vício por pornografia e masturbação é uma adição como qualquer outra.

7 – Quais são os sinais no comportamento de uma pessoa, que indicam que o uso da internet se tornou patológico? Há tratamento?

Geralmente são elas mesmas que começam a perceber que tem algo errado e procuram o tratamento. Quando a demanda vem de outra pessoa, como mãe, esposa ou marido, o paciente nega e não gosta de falar sobre o assunto o que torna impossível o tratamento.

Os sinais geralmente estão na prioridade que dão ao uso do smartfone ou computador a fazer outras coisas na vida. Existe hoje o que chamamos de monofobia que é um medo de ficar sem o celular ou longe dele. Em sua ausência a pessoa tem sintomas de abstinência.

http://www.soniaeustaquia.com.br/nomofobia/

8 – Um homem ou uma mulher pode desenvolver alguma disfunção sexual por causa do mau uso da internet?

Sim. O vício pela pornografia vem abrindo inúmeras portas para as disfunções sexuais. Essas disfunções perpassam todo o ciclo da atividade sexual, que vai do desejo a resolução.

9 – Num casal, quem reclama mais sobre o uso das redes sociais, o homem ou a mulher?

O Homem reclama mais da mulher. A mãe ou o pai reclamam muito do filho também.

10 –  Podemos dizer que uma pessoa que já tenha uma propensão a viver mais solitariamente possa viver mais feliz, quando isolada e usando a internet? Ou os contatos virtuais não são tão satisfatórios assim? Eles de certa forma podem substituir as relações presenciais?

É uma maneira comum de se relacionar hoje, penso até que pode durar muito tempo. O que temos como referência, são as relações presenciais e que no meu ponto de vista não se compara a relação virtual. Eu creio que o organismo, mente, corpo e capacidade de relacionar no mundo externo, vai reclamar em algum momento da vida. O homem é um ser social e precisa do outro para muitas coisas, a vida toda.

 http://www.soniaeustaquia.com.br/diante-do-computador-para-enfrentar-a-solidao/

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