61º Batalhão da Polícia Militar de Minas Gerais
Comemoração ao Dia Internacional das Mulheres
Tema: Intimidade e Sexualidade para Mulheres
Obrigada Comandante do 61º. BPM,
Obrigada Daniela Ângelo, ten. PM – Assessora de Comunicação do 61º. BPM, pelo convite.
O QUE É SEXUALIDADE HUMANA?
A capacidade sexual é inerente à condição humana, sendo um elemento constitutivo, que, além de trazer o prazer, a alegria e o desejo de viver, diferencia a nossa espécie.
Sem deixar de lado o aspecto biológico, que determina os papeis do homem e da mulher, a sexualidade tem início quando nascemos e vai se construindo durante a trajetória de nossas vidas por intermédio dos relacionamentos familiares, sociais e educacionais; e por isso ela é tão subjetiva.
Psicoterapia e Sua Sexualidade: Entenda a Relação
O QUE É INTIMIDADE?
A definição de intimidade é complexa e pode estar ou não ligada a sentimentos sexuais. Em muitos relacionamentos a intimidade tem mais a ver com momentos divididos pelos indivíduos do que com interações sexuais.
De qualquer forma, a intimidade está ligada a sentimentos de afeto entre os parceiros em um relacionamento.
Parece que a intimidade e relacionamentos saudáveis andam de mãos dadas. Certamente a intimidade é um ingrediente básico em qualquer relacionamento com algum significado, lembrando que a amizade é uma das fundações do amor.
As principais formas de intimidade são a intimidade emocional e a intimidade física.
DO PRINCIPIO ATÉ O MOMENTO ATUAL – QUEM É A MULHER?
Na perspectiva bíblica, Eva foi tirada da costela de Adão, primeiro ser humano criado por DEUS. Nesse contexto, as mulheres eram vistas em função da maternidade e estavam sob o domínio masculino. As mulheres são citadas rapidamente, como parte de uma história protagonizada por homens, ou então, quando se reconhece como elas são importantes, muitas vezes, é para alertar para o perigo que elas representam.
Não se deve fazer uma leitura no sentido estrito da palavra. A mulher ser tirada da costela do homem significa ter sido criada, assim como o homem, por Deus. Supõe-se que o autor sagrado tenha recorrido a algumas palavras (ossos dos meus ossos, carne da minha carne – Gn2,22), com a finalidade de acentuar a igualdade, a solidariedade e companheirismo entre os dois.
Em uma outra perspectiva, a mulher é venerada por sua capacidade procriativa, como fonte primária de vida. O sexo não estava associado à gravidez. O homem não representava elemento fundamental no processo reprodutivo e, por isso, o matriarcado imperava.
As relações sexuais favoreciam os homens, pois o coito era feito por trás, como os animais, e era improvável as mulheres terem orgasmos. Aos poucos, a conscientização do papel do homem na reprodução foi surgindo (quando o homem se tornou pastor e observou o cruzamento dos animais). Levar em conta a relação coito e gravidez, fez o homem perceber seu poder reprodutor.
Surgia aí o machismo e todo o império feminino decaía. Justificavam-se a poligamia e a supremacia masculina. As deusas femininas deram lugar aos deuses masculinos e ao culto ao pênis, este um talismã contra a infertilidade.
A mulher passou a ser um mero receptáculo para o desenvolvimento fetal e ser vista apenas como colaboradora no processo de criação. Contudo, a colaboração de mulheres não implicava o direito ao prazer, mesmo porque a falta de orgasmo não impede a concepção.
A ideia de sexo e reprodução ainda tem seus remanescentes em algumas correntes ortodoxas religiosas, levando as mulheres estéreis a conflitos e sentimento de culpa: se ela não pode gerar, também não pode ter prazer.
Sexo, simplesmente como prazer ou simplesmente como forma de reprodução, oferece ideia incompleta da sexualidade e não satisfaz o ser humano. Sexo é, acima de tudo, uma forma de comunicação, é amor.
Quebrando barreiras, um ser pode se prolongar no outro como uma forma mística de comunhão primordial: isso é sexo como COMUNICAÇÃO AMOROSA. É diversão, é prazer, é êxtase. Torna-se possível planejar a reprodução e vivenciar o prazer. É a soma de EROS e ÁGAPE. Podemos dizer que sexo é a forma mais criativa, mais prazerosa, mais intensa e mais perfeita da comunicação humana, no qual apreendemos o dar e receber, como uma constante.
AUTOCONHECIMENTO E SAÚDE SEXUAL
Ao tratar do tema Sexualidade, busca-se considerar a sexualidade como algo inerente à vida e à saúde, que se expressa no ser humano do nascimento até a morte. Se a saúde é um direito humano fundamental, a saúde sexual também deveria ser considerada como um direito humano básico. Relaciona-se com o direito ao prazer e ao exercício da sexualidade com responsabilidade. Engloba as relações de gênero, o respeito a si mesmo e ao outro e à diversidade de crenças e os valores e expressões culturais existentes numa sociedade democrática e pluralista.
Atualmente, todas essas repressões, mitos e tabus vêm mudando, pois, de maneira geral, a sociedade tem estado mais aberta a novos conhecimentos e informações.
Vínculo afetivo está ligado ao prazer sexual feminino
CONQUISTAS FEMININAS
O EMPODERAMENTO DA MULHER
Se fosse possível retroceder no tempo e contar para um cidadão do começo do século 20 que as mulheres hoje votam, têm média de escolaridade maior que a dos homens, governam países e estão inseridas amplamente no mercado de trabalho, talvez a pessoa não acreditasse no relato.
Ainda há muito que avançar para se alcançar a igualdade de direitos entre homens e mulheres. Segundo pesquisa realizada no ano 2000 pela Comission on the Status of Women da ONU, uma em cada três mulheres no mundo já foi espancada ou violentada sexualmente.
Os números no Brasil também são alarmantes. A cada cinco minutos, uma mulher é agredida no país. De acordo com relatório de 2012 do Ministério da Justiça, em cerca de 70% dos casos, quem agride é o marido ou namorado.
Para se entender as diferenças entre homens e mulheres no mercado de trabalho, pode-se analisar, por exemplo, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD, de 2007, a qual diz que a equiparação de salários para mulheres e homens que executam as mesmas funções só deve acontecer daqui a 87 anos. As mulheres, no caso, ganham menos.
A data de comemoração do dia das mulheres é apenas simbólica. No entanto, é uma boa maneira de inserir o debate sobre os direitos das mulheres e colocar o tema na agenda. É importante, por exemplo, que as políticas públicas permitam a discussão sobre igualdade de condições de gêneros nas escolas.
Historicamente, as mulheres foram autorizadas a frequentar a escola no Brasil apenas em 1827, quando uma lei do período imperial lhes permitiu o acesso à Educação. No entanto, a lei garantiu acesso apenas às escolas elementares.
O movimento feminista mundial surgiu como uma forma de reivindicar esses e outros direitos. As origens do movimento estão atreladas aos acontecimentos da década de 1960. Com o surgimento da pílula anticoncepcional, por exemplo, as mulheres conquistaram liberdade sexual. Antes, as relações eram estritamente monogâmicas e voltadas para o casamento.
Escritoras como Simone de Beauvoir e Betty Friedan ganharam espaço por buscarem desconstruir o papel então convencionado para a mulher na sociedade.
Um caso emblemático desse período aconteceu no dia 7 de setembro de 1968, quando centenas de mulheres, de várias partes dos Estados Unidos, saíram às ruas de Atlantic City e protestaram contra os estereótipos femininos e a “ditadura da beleza”. A ideia era fazer uma queima coletiva de sutiãs. No entanto, o plano não foi concretizado.
No Brasil, as mulheres conquistam o direito de votar em 1932. A bióloga Bertha Lutz é a principal articuladora feminista do período.
O período posterior foi marcado por mobilizações contra a ditadura, quando muitas mulheres brasileiras foram exiladas. Nesse momento, as mulheres tiveram uma participação efetiva nas lutas pela democracia, mobilizadas para as causas gerais (fim da ditadura) e para causas específicas (pelo combate à violência doméstica, pela construção de creches para os filhos das trabalhadoras e pelo direito ao aborto).
Ao longo das décadas, o Brasil conquistou muitas vitórias na luta contra a violência domiciliar. Em 1985, foi criada a primeira delegacia da mulher. Quase dez anos depois, a Lei 11.340, mais conhecida como Lei Maria da Penha, aumentou o rigor nas punições para violência doméstica ou familiar. Hoje, agressores de mulheres podem ser presos em flagrante ou ter prisão preventiva decretada. Além disso, a lei prevê medidas como a saída do agressor do domicílio e a proibição de sua aproximação da mulher agredida e dos filhos.
A violência contra as mulheres ainda encontra apoiadores, de forma velada na sociedade ou explícita em redes sociais.
Uma grande questão atual na luta por direitos é a conscientização sobre os preconceitos. A misoginia, por exemplo, é muito maior que simples preconceito, é o ódio ao sexo feminino. Essa forma de pensar alimenta a ideia de alguns estereótipos e impede mais conquistas das mulheres.
O DESEJO E O PRAZER
O desejo é uma pulsão natural e saudável. Ele pode ser compreendido como biopsicossocial e a ausência dele pode significar uma disfunção sexual.
O prazer é uma sensação boa que não representa só o orgasmo. Ele está inserido no toque, nas carícias e na disposição de dar e receber amor. A ausência dele também pode representar uma disfunção sexual, ou mais ainda, pode indicar outros quadros patológicos nas áreas biológica ou psicológica. Por exemplo: depressão, diabetes, reação colateral de algum medicamento que a mulher esteja usando, dentre outros.
Existem várias maneiras de ir em busca de uma sexualidade mais feliz, prazerosa e plena.
Dicas: dançar, fazer terapia, conversar sobre o assunto, pesquisar, fazer cursos relacionados ao tema, ler, abrir mais a mente, diminuir o estresse, ter uma vida mais equilibrada, ter momentos apenas do casal, ter um relacionamento onde haja intimidade e cumplicidade, entre outros.
MITOS, CRENÇAS E VALORES
A sociedade, de um modo geral, possui uma visão negativa da sexualidade. Essa visão negativa é fruto de uma educação repressora, que há muitos anos associa o exercício da sexualidade ao pecado, às questões imorais e sujas.
Desta forma, todas as expressões ligadas à sexualidade são regidas por uma cultura de repressão. O que prevalece é o silêncio ou a reprodução de mitos e tabus, gerando um solo fértil para a desinformação. Isto fortalece comportamentos de risco cada vez mais frequentes, um grande desconhecimento sobre seu próprio corpo, vontades e desejos, resultando muitas vezes em uma sexualidade vazia.
FANTASIAS E FETICHES SEXUAIS
As fantasias servem para modificar potenciais de prazer sexual que, as vezes, as pessoas ainda não conhecem, e pegando carona nessa capacidade de imaginar, o fetiche pode entrar em cena como um tempero a mais.
Fantasiar é próprio do ser humano. Só ele é capaz de utilizar os mecanismos do amor romântico, mediante a fantasia e a memória, para manter viva a paixão amorosa, mesmo depois de passado o êxtase decorrente dos primeiros impulsos. É a força da imaginação criadora, que enriquece o mundo da arte, ciência e dos amantes refinados.
No amor, como na arte, a fantasia cria e recria. A fantasia é essencial no exercício da sexualidade e a imaginação é o tempero básico para o relacionamento entre o casal e, a sua falta, pode ser o termômetro do que não está bem. É preciso entender que a fantasia não é simplesmente a antítese da realidade mas o enriquecimento desta realidade.
É bom lembrar que a fantasia sexual só é válida enquanto permanecer como fantasia. Partir para a realidade deixa de ser fantasia, assumindo, às vezes, um padrão antissocial e prejudicial. São os casos de uma fantasia sexual que inclua violência ou exposição do parceiro. Por isso ela não tem o propósito de ser vivenciada realisticamente. Ela também deve ser rica e variada. Compulsão numa mesma fantasia aprisiona e foge ao seu objetivo.
O fetichismo é considerado uma parafilia e é definido em sua natureza como um desvio, onde a presença de determinado objeto e/ou ação torna-se pré-requisito para a satisfação sexual, independentemente do sexo genital. É considerado objeto substitutivo quando, na sua ausência, não há possibilidade de prazer sexual e quando as partes do corpo ou objetos forem privilegiados como fonte de prazer sexual. A presença dessa parafilia impede a relação sexual normal e prazerosa.
Em relação a prática de fantasias e fetichismos, podemos afirmar que nem tudo que se imagina precisa virar realidade. Ao contrário, o irrealizável torna-se o combustível mais explosivo do erotismo e do prazer. O limite entre o normal e o patológico está justamente na habilidade de dar asas ao impossível e se satisfazer só no que é praticável.
64% das mulheres se sentem negligenciadas no casamento
O QUE QUER UMA MULHER
Nosso querido Freud já se coçava com essa questão: o que quer uma mulher? Eis o enigma central do insondável continente negro, maneira pela qual ele designa a mulher. Esta, inclusive, não existe, radicaliza Lacan. Mas não se espantem! Nós existimos em nossa materialidade empírica, contadas uma a uma, o que não existe é a possibilidade de sermos generalizadas: somos mesmo marcadas pela indefinição, um pouco isso, um pouco aquilo, nunca totalmente.
A psicanálise e a vida nos ensinam: um homem se mede por outros, o poder viril visa sempre à totalidade. Já a mulher, em sua dimensão feminina, quer ser contada como única e escapa a toda representação que tente apreendê-la. Por isso se pode dizer que ela precisa ser inventada.