Homens, Mulheres e a Insatisfação sexual
Brasileiros afirmam fazer em média 2,9 relações sexuais por semana. Mas, se pudessem, gostariam de ter o dobro.
Pesquisa realizada pelo Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas (HC), na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), revelou que ainda existem muitas diferenças entre homens e mulheres quando o assunto é sexo. A pesquisa Mosaico 2.0, conduzida pela psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Projeto Sexualidade (ProSex), ouviu 3 mil participantes com idade entre 18 e 70 anos, divididos por faixa etária e de sete regiões do país. Apesar de ser considerado essencial tanto para os homens como para as mulheres, a pesquisa concluiu que sexo apenas uma vez por semana é suficiente para felicidade conjugal, mas caso pudessem escolher, o registro é de “três vezes” por semana para as mulheres e “oito vezes” para os homens.
Mesmo sendo um assunto importante, para a sexóloga Sônia Eustáquia Fonseca, falar sobre sexo ainda é um tabu. “Talvez porque o desinteresse por sexo seja mais comum do que se imagina. Existe uma disparidade entre a expectativa e a realidade que se dá por diferentes motivos de acordo com a faixa etária. Por exemplo, do total de entrevistados, 32,5% das mulheres sentem dificuldades em se interessar por sexo, especialmente aquelas entre 26 e 40 anos”, lembrou.
Vida sexual e afetiva
Independentemente do gênero, a maioria das pessoas entrevistadas (56%) faz distinção entre a vida afetiva e sexual, mas essa percepção é um pouco mais nítida para os homens do que para mulheres. “Isolando cada um dos dois pilares (sexo e amor), os homens estão mais realizados do que as mulheres: 13,5% das mulheres diz que não está satisfeita em nenhuma das duas situações, ante 8,6% dos homens”, destacou a especialista.
A pesquisa Mosaico 2.0 traçou em 2008 o primeiro e maior levantamento sobre sexualidade realizado no Brasil. Se comparada à pesquisa de 2016, apontou muita diferença no comportamento sexual das mulheres. “Apesar das mulheres continuarem com vidas sexuais mais conservadoras em comparação aos homens. Ela vem mudando bastante o comportamento sexual, podemos observar que 57,1% delas responderam na pesquisa que acreditam que fariam sexo com alguém só por atração. Entre os homens, essa parcela é de 76,4%. Em oito anos (desde a pesquisa anterior), a mulher toma consciência e passa a fazer sexo de forma diferenciada separando bem o que é atividade erótica do que é atividade afetiva”, ressaltou Sônia.
Disfunções sexuais
Sônia observa ainda que as disfunções sexuais são frequentes entre os brasileiros. Mais de um terço dos homens relataram dificuldades para ter e manter uma ereção. Entre as mulheres chama atenção à dificuldade para alcançar o orgasmo. “Os adultos em relações estáveis são acometidos pelo excesso de trabalho, preocupações com o orçamento doméstico e filhos pequenos. E quando esses filhos crescem, o que atrapalha é que a mulher entra em climatério, onde a disponibilidade sexual é menor. Isso justifica inclusive que a frequência sexual do homem é maior do que a da mulher na média”.