Exercício físico e saúde mental: como eles se relacionam?

Um grande número de evidências científicas têm demonstrado, cada vez mais, que o hábito da prática de atividade física é um instrumento fundamental em programas voltados à promoção da saúde física e mental. O exercício físico inibe o aparecimento de muitas alterações orgânicas que se associam ao processo degenerativo, e também ajuda na reabilitação de determinadas patologias que atualmente contribuem para o aumento dos índices de morbidade e mortalidade.

Na saúde mental a prática de exercícios físicos auxilia o sistema límbico – um dos mais primitivos do corpo, relacionado a funções cognitivas e emocionais – e o sistema neuroendócrino – relacionado a produção de hormônios – a funcionarem melhor. E quando esses sistemas funcionam bem é certo que todo o sistema psicológico se sente apoiado ficando pronto para enfrentar os desafios emocionais da vida.

Pela prática regular de atividades físicas de forma diária, ocorre a liberação de um hormônio chamado endorfina, conhecido como o hormônio da alegria, que promove a sensação de bem estar, euforia e alívio de dores, e da dopamina, que gera efeito tranquilizante e analgésico. Tais alterações promovem uma sensação relaxante pós-esforço e, em geral, as pessoas conseguem manter, em longo prazo, um estado de equilíbrio psicossocial mais estável frente às ameaças do meio externo.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a atividade física torna a pessoa capaz de usar suas próprias habilidades, recuperar-se do estresse da rotina, ser produtiva e contribuir com a sua comunidade. Esses benefícios podem ser obtidos com a realização de qualquer tipo de exercícios, inclusive caminhadas ao ar livre, de acordo com a preferência de cada um.

Pessoas de todas as idades devem fazer e desfrutar dos resultados, com a prática de pelo menos 30 minutos diários de movimentos do corpo. No entanto, a intensidade e o tipo de exercício deve ser definido junto a um profissional da área.

Os benefícios da atividade física para a saúde mental

  •  Diminuição do risco de doenças de maneira geral, no corpo, na mente e nas relações sociais;

Aqui cabe lembrar que a saúde mental deve andar junto com a saúde física e boas relações sociais. Por organismo entendemos três instâncias: CORPO, MENTE E MUNDO EXTERNO, elas são tangentes e mantêm sempre algum ponto de confluência. Por isso, o adoecimento pode predominar e se manifestar primeiramente em alguma dessas áreas, mas estará sempre ligado às outras na composição do organismo.

  • Melhora e deixa mais ativos a memória e o raciocínio;

O aumento da capacidade aeróbica tem relação direta com a melhoria das funções cognitivas, contribuindo para a integridade do cérebro e do sistema cardiovascular, o que aperfeiçoa o tempo de reação e a amplitude da memória.

Estudos mostram que idosos que praticam atividades físicas, como caminhar 3 vezes por semana durante 1 hora, têm uma melhora significativa na atenção, na memória, na agilidade motora e no humor.

À medida que envelhecemos, crescem os riscos de contrair doenças degenerativas, como o mal de Alzheimer. Porém, ao praticar exercícios físicos, principalmente entre os 25 e 45 anos, conseguimos aumentar as substâncias químicas do cérebro que previnem a degeneração dos neurônios do hipocampo.

  • Dormir melhor;

O exercício físico pode proporcionar a liberação de hormônios que influenciam no ciclo sono-vigília, o que significa dormir melhor. Isso faz com que a pessoa passe a ter mais disposição para o dia a dia, o que favorece também a estabilidade do humor.

  • Melhoria da autoestima;

Ao exercitar regularmente pode-se conseguir a perda de peso e a tonificação dos músculos, o que favorece a construção e a otimização da autoestima e uma melhor percepção de si mesmo. Com isso, os relacionamentos também podem melhorar muito e a autoconfiança ajuda na vontade de se aproximar das pessoas.

  • Envolvimento social;

Exercícios físicos oferecem a oportunidade de envolvimento social, principalmente na fase adulta e terceira idade. É possível conhecer novas pessoas, fazer novas amizades e manter vínculos prazerosos no cotidiano que nessa época da vida se tornam cada vez mais difíceis. A prática esportiva auxilia no envolvimento social, seja através de novos vínculos na academia, seja por meio de grupos de pessoas com interesses em comum.

  • Desenvolvimento de habilidades emocionais;

Assim como na vida cotidiana, no esporte também somos testados quanto aos nossos limites e capacidade de superação. Desenvolvemos a dedicação e a disciplina, e aprendemos a lidar com as derrotas e as vitórias. Saber trabalhar bem com os êxitos e com os fracassos é uma grande conquista.

  • Recuperação de dependentes químicos;

Diante de estímulos prazerosos (como sexo, drogas ou alimentos), o cérebro libera como resposta a dopamina. Infelizmente, algumas pessoas se tornam dependentes de algumas substâncias que produzem a liberação de dopamina em grandes quantidades, como as drogas. Sendo assim, os exercícios físicos podem ajudar na recuperação de dependentes. Isso porque, além da liberação da substância, o exercício também ajuda na ressocialização e criação de novos vínculos de amizade.

  • Ajuda a se sentir melhor;

Os neurotransmissores, que promovem a comunicação entre os neurônios, são naturalmente produzidos pelo cérebro em resposta ao estímulo da atividade física. Isso quer dizer que, após a prática, a pessoa desfrutará de substâncias como a serotonina, conhecida como “hormônio do bem-estar”, a endorfina, que alivia tensões e melhora o humor, e a anandamida, substância da felicidade, que ativa a sensação de autoconfiança e autoestima, tem efeitos analgésico, ansiolítico e antidepressivo.

  • Ajuda a combater os transtornos emocionais;

A liberação química auxilia na efetividade das medicações bem como na motivação para as sessões de psicoterapia.

As atividades mais recomendadas por um psicólogo

Ainda não existem pesquisas conclusivas e que demonstrem qual é a melhor atividade física. Por isso, é importante escolher a que seja mais prazerosa. Vale lembrar que a prática de 30 minutos, 3 vezes por semana, já oferece resultados muito bons.

É bom lembrar ainda que não é necessário realizar um esporte específico ou fazer grandes investimentos e que o importante é exercitar. Na ausência de recursos financeiros, pode-se optar por caminhadas, academias ao ar livre nas Praças da cidade, corridas, entre outras formas.

Independente do peso, idade ou sexo, o fundamental é buscar ações que ajudem a aumentar a percepção positiva e a autovalorização, porque todos os exercícios trazem inúmeros benefícios para as saúdes física e mental. É bom saber que as academias fazem uma avaliação prévia das condições físicas e exigem um atestado médico do aluno, o que fornece segurança para prescrever exercícios adequados à cada pessoa e suas necessidades.

Exercícios que alongam e esticam o corpo são ideais para afastar a ansiedade e provocar a sensação de relaxamento e bem-estar, como o pilates por exemplo. Já atividades esportivas como o tênis e judô são muito indicadas para estudantes, vestibulandos e concurseiros, uma vez que durante a prática a pessoa ficará totalmente focada no exercício, já que, ao parar de prestar atenção ou simplesmente desviar os olhos, o adversário pode marcar o ponto.

Todos os exercícios físicos podem auxiliar na concentração, na capacidade de aprendizado e na fixação de conteúdos, e esses efeitos duram por muito tempo, quando é feito regularmente.

Exercícios aeróbicos como a corrida, natação e o spinning, são ótimos para a depressão, estresse e síndrome do pânico. Além de liberar substâncias como endorfina e serotonina para ajudar a recuperar, também proporcionam momentos de distração e de convívio social, incentivam a superação de desafios e aliviam a raiva e a agressividade acumuladas.

Já a Yoga além de ser uma aliada para a saúde física e mental é um exercício que pode ser praticado por todos. Os objetivos da prática são tornar a pessoa mais equilibrada através de movimentos e técnicas de respiração. A pessoa fica mais Zen.

Exercícios ao ar livre devem entrar na rotina para o bem estar geral, eles são muito importantes para garantir o contato com o sol e com a natureza. A luz solar impacta positivamente sobre o bem-estar, e é por isso que muitas pessoas costumam ficar tristes e irritadas nos dias chuvosos.

Muitas pessoas com problemas mentais precisam ser medicadas, mesmo fazendo psicoterapia, mas são resistentes à ideia de tomarem remédio. Elas certamente, se beneficiarão muito combinando exercício físico – liberação de neurotransmissores e hormônios – com o tratamento psicoterapêutico. Como já foi explicado os benefícios da atividade física vão muito além dos vistos no corpo, eles ajudam também a mente. Por isso, não há idade certa para fazer exercícios, todo mundo deveria se exercitar regularmente para ter corpo e mente cada vez mais saudáveis.

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