Masculinidade Tóxica

A expressão “masculinidade tóxica” refere-se à epidemia de direitos masculinos, vinculados à alienação e à violência utilizada pelos homens no dia-a-dia.

O referido termo é usado como uma crítica aos comportamentos destrutivos de alguns homens que se expõem a situações de risco, insistem em não se proteger, resistem à prevenção de doenças e que, até mesmo, contribuem para a disseminação de educação sexual preconceituosa.
Por entenderem que os homens são superiores às mulheres pelo fato de serem mais fortes e másculos, há uma supervalorização da dominância e do controle, enquanto alguns aspectos como vulnerabilidade e compaixão são associados às mulheres e tidos como sinais de fraqueza.

Para entender esses comportamentos, o Google Brandlab São Paulo investigou homens de 25 a 44 anos e, com base no Mapa da Violência Flacso Brasil (Faculdade Latino Americana de Ciências Sociais), concluiu que os homens suicidam quatro vezes mais do que as mulheres.

E, segundo o IPEA, os homens morrem dez vezes mais do que as mulheres, por se envolverem em situações de violência. Ainda no contexto, de acordo com a OMS, o Brasil tem a quinta maior taxa de feminicídio do mundo, crime praticado contra a mulher apenas pelo fato desta pertencer ao gênero feminino.

A pesquisa demonstrou que as regiões do planeta que menos garantem os direitos das mulheres continuam sendo a África Subsaariana, a Ásia Meridional e o Oriente Médio. Mas a Tunísia, Jordânia e Líbano se destacam por seus avanços.

Na Europa, o continente que mais pune a violência de gênero, a Rússia se sobressai como o país menos seguro para elas, a Bulgária se destaca por não ter leis que criminalizem o estupro dentro do casamento e a Hungria por não punir o assédio sexual.

Em geral, os homens têm menos intimidade e repertório emocional, de maneira que não é comum vermos amigos conversando sobre situações emocionalmente ambíguas, nas quais sentiram uma mistura de medo, frustração, alegria e ansiedade. Isso decorre, principalmente, dos modelos masculinos na família.

Durante todo o desenvolvimento infantil, a criança registra, na memória consciente e inconsciente, as emoções e sensações advindas das relações com os pais e os adultos.

Tais registros ficam absorvidos e podem comprometer a criatividade, prejudicar o desenvolvimento da linguagem, ou podem ser manifestados por meio de sintomas, como: atrasos escolares, baixa autoestima, timidez, agressividade, sentimentos de inadequação, dificuldade de adaptação, ansiedade e, em alguns casos, depressão.

Os adultos que viveram preconceitos sexuais na educação infantil podem, também, desenvolver disfunções ou transtornos sexuais, como, por exemplo, a neurose obsessiva (ideia intrusiva da possibilidade em ser gay) ou o vaginismo, no caso feminino.

A masculinidade tóxica é mais comum de ser difundida em ambientes familiares. Os meninos crescem ouvindo que “homem” precisa ser forte, não pode ter medo, não deve ter inseguranças, precisa mostrar para todos que é “homem” e, por isso, não pode ter “frescuras”.
A própria sociedade endossa essa ideia através de informações subliminares e assim, em alguns casos, só resta a escola para desconstrução dessas ideias ultrapassadas.

Diante disso, visando interferir de forma positiva, a Escola deve colocar o tema em discussão e orientar os alunos sobre as possíveis consequências desse comportamento para a saúde emocional e/ou física do sujeito.

Inserido em um ambiente de reflexão, o próprio aluno poderá entender que, dentre os efeitos da masculinidade tóxica, estão a supressão de sentimentos, o encorajamento da violência, a desmotivação em procurar ajuda, ou, em alguns casos, a disseminação do racismo.

Por fim, é mister citar que a masculinidade tóxica afeta, também, as mulheres, principalmente por ser um comportamento contrário à igualdade de gênero e, alguns casos, pode encorajar o estupro e a misoginia.
Nesse sentido, o feminismo vem tomando força e, direta ou indiretamente, favorece a “nova masculinidade”.

Mas ainda é necessário que as famílias percebam a sua importância na construção de personalidade de seus filhos. É essencial compreender e aceitar que a nova masculinidade rompe com os estereótipos de gênero, fortalece o princípio da igualdade entre os homens e mulheres e propõe um novo olhar para a forma que os meninos são criados.

Atacar a masculinidade tóxica é buscar liberdade para homens e mulheres, para que todos utilizem o máximo de suas potencialidades e convivam respeitosamente.

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