Sobre a Disfunção
O orgasmo é uma experiência psicofísica de curta duração (3 a 10 segundos) que, geralmente, é alcançada pelo homem, em torno de, 4 a 6 minutos após a penetração. Para atingir o Orgasmo, a mulher requer um tempo mais longo (10 a 20 minutos), exceto se, antes, tiver sido bem preparada, pois, nesse caso ela pode atingir o orgasmo em até menos de 4 minutos e, até mesmo, obter vários episódios orgásmicos, antes mesmo que o homem atinja o seu clímax (CAVALCANTI & CAVALCANTI, 1996).
A Anorgasmia é condição rara no homem, mas, na mulher o bloqueio do orgasmo é, provavelmente, a Disfunção Sexual mais frequente.
Segundo Kinsey et al. (1954) e Kaplan (1974), pode-se afirmar que apenas 8% a 10% da população feminina jamais experimentou o orgasmo, o que evidencia que 90% das mulheres são capazes de senti-lo de alguma maneira.
Da mesma forma, Brow (1981), cita que 60% a 70% das mulheres casadas alcançam o Orgasmo habitualmente; e que, em média, 25% delas experimentam essa sensação “de vez em quanto”; enquanto 5% a 10% raramente ou nunca atingem o Orgasmo.
Muitas mulheres que se julgam anorgásmicas na verdade não o são. É comum que elas criem uma concepção fantástica do orgasmo como se fosse algo quase supra-humano, idealizando uma experiência extraordinária, ajudadas pelos relatos exagerados das amigas. É importante destacar que essas sensações fantásticas fazem parte do imaginário popular e que não contemplam as sensações sentidas em um orgasmo real ou comum.
Também existe muita confusão na dissociação feita entre o orgasmo vaginal e clitoridiano, além da crença errônea de que a “frigidez” pode ser definida como ausência do orgasmo vaginal. Dessa forma, ainda que vivenciem orgasmo clitoridiano, muitas mulheres têm sido consideradas, indevidamente, como anorgásmicas.
As dificuldades em atingir o orgasmo podem ser classificadas de acordo com os critérios: cronológico e fenomenológico. De acordo com a cronologia elas podem ser primárias (quando a mulher nunca experimentou o orgasmo) e secundárias (quando a mulher experimentava normalmente o orgasmo e, a partir de certo momento, deixou de senti-lo). Quanto ao critério fenomenológico, a Anorgasmia pode acontecer de acordo com uma determinada situação ou circunstância.
Cabe ao profissional fazer o diagnóstico e apresentar as alternativas de tratamento.
As causas psicológicas são as mais frequentes, bem como as socioculturais, especialmente por desinformação ou por informações distorcidas, impregnadas de crendices, tabus, “falsas verdades” científicas e normas sociais sexofóbicas.
Tudo isso leva ao aprendizado do não-orgasmo ou à proibição emocional dele. Essas crenças geram ansiedade e desespero em muitas mulheres, podendo constituir uma fonte de frustração, de conflitos e, até mesmo, de infelicidade conjugal.
Por fim, é essencial deixar bem claro que o Orgasmo feminino não é algo que venha do pênis do homem. E que, tanto em homens, quanto em mulheres, o orgasmo surge em momentos em que não há a ansiedade da procura ou o temor sobre o seu desempenho.
Tratamento para Dificuldades em Atingir o Orgasmo (Anorgasmia) em BH
Antes de iniciar um tratamento é necessário consolidar um diagnóstico.
Inicialmente, é importante que o profissional busque saber se a mulher tem um companheiro com ejaculação precoce, fato que envolveria, também, um tratamento com o parceiro em questão.
Mas, se o problema ocorre independentemente do parceiro, eu concordo com Kaplan (1974), que sugere que a melhor estratégia do tratamento da Anorgasmia é “maximizar a estimulação e minimizar a inibição”.
É, portanto, tarefa básica e prioritária reduzir os níveis de ansiedade para promover o aumento crescente da excitação sexual, como, também, criar um ambiente permissivo e favorável ao aparecimento do reflexo orgástico.
O sucesso no tratamento de anorgasmias é, em geral, de 81%, sendo necessário motivação, compromisso e maturidade por parte do(a) paciente.
Referências Bibliográficas:
CAVALCANTI & CAVALCANTI. Tratamento Clínico das Inadequações Sexuais. 2ª ed. Roca, 1996.
BROW, D.; PEDDER, J. Introdução à psicoterapia. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1981.
KAPLAN, H. S. A nova terapia do sexo. 4ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1974.
KINSEY, Alfred; POMEROY, Wardell; MARTIN, Clyde; GEBHARD, Paul. A Conduta sexual da mulher. Rio de Janeiro: Atheneu, 1954.