Sobre a Disfunção do Vaginismo
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Vaginismo é um reflexo dos músculos próximos à vagina, que se contraem involuntariamente, dificultando e até impedindo a penetração do pênis durante a relação sexual.
Esse mecanismo dá início a um círculo vicioso de ansiedade: Primeiramente, existe uma tensão, que gera dor na tentativa de penetração, que, por conseguinte, gera uma nova tensão, que causa mais dor na próxima tentativa e assim por diante.
Segundo o médico e sexólogo Lopes (1989), somente uma avaliação ginecológica pode fornecer um diagnóstico definitivo, pois, ao observar as contrações espasmódicas da musculatura vaginal e perineal (região do períneo), durante o exame de toque, é que o(a) médico(a) poderá diagnosticar o vaginismo.
Esse diagnóstico é diferencial e classificatório, ou seja, ele apenas define e classifica se é vaginismo ou não. Por isso, é necessário que um Psicodiagnóstico seja feito posteriormente.
Algumas pacientes vagínicas não têm problemas com desejo, com a excitação e/ou com orgasmo, respondem bem ao estímulo sexual, têm boa lubrificação vaginal e consideram gratificantes as relações sexuais que não envolvem o coito.
O Vaginismo pode ser primário: nos casos em que a dificuldade se manifestou desde a primeira tentativa de penetração e, em geral, essas pacientes possuem o hímen íntegro ou parcialmente roto. Ou secundário: quando apareceu após um período de vida sexual ativa, determinado por uma motivação suficientemente forte para estabelecer a resposta de dor.
Normalmente, o Vaginismo não tem procedências orgânicas. Suas causas são psicológicas e o medo condiciona os músculos a uma reação de contratura.
Esse medo pode ser motivado por: tentativas coitais dolorosas e repetidas; educação restritiva e/ou punitiva; vivências educacionais destruidoras ou traumáticas; tentativa(s) de estupro; visualização de cenas de sadismo ou, até mesmo, de relatos distorcidos sobre a vida sexual.
Embora a maioria dos autores e sexólogos afirmarem que o vaginismo é relativamente incomum, há poucos dados estatísticos, o que torna difícil afirmar, com segurança, o exato percentual de frequência.
Há exemplos em que as mulheres com Vaginismo sentem prazer ou ganho secundário, pela “falta” do orgasmo, uma vez que é comum viverem com parceiros “impotentes”, numa situação de complacência ou conivência sexual; trazendo assim um “pseudo” equilíbrio sexual, sem queixas. Em outros casos, há mulheres que desistem dos relacionamentos heterossexuais. E, há algumas, ainda, que sublimam inteiramente a sexualidade.
Freud (1996), em sua vasta e maravilhosa obra, destaca a “castração” que é vivida pelas mulheres no processo normal de seu desenvolvimento sexual. Ele dá ênfase às possíveis fixações (ou marcas) produzidas pelas vivências, inconscientemente dolorosas, que advém desse desenvolvimento e que mais tarde contribuirão para a formação de sintomas.
Ao considerar esse viés, creio que o Vaginismo seja apenas um sintoma – com raízes muito profundas e inconscientes – pertencente a uma determinada categoria de estrutura de personalidade.
Faz-se necessária, então, uma avaliação psicológica muito competente e criteriosa para não incorrer em erros no tratamento. E, mais uma vez, é importante mencionar que o Psicodiagnóstico deve ser realizado após o diagnóstico médico, o que trará segurança para que o Especialista em Sexualidade Humana escolha corretamente os métodos e técnicas pertinentes ao tratamento.
O prognóstico é muito bom e oferece um alto percentual de êxito.
Tratamento do Vaginismo em BH
As teorias e técnicas sugeridas pela linha cognitiva e comportamental têm produzido bons resultados no manejo do programa terapêutico.
Além disso, baseando-se na Psicanálise, os especialistas em Sexualidade Humana podem trabalhar, não só as queixas, mas, também, as causas inconscientes e mais profundas do problema.
É muito importante não se conformar com a ausência do prazer ou com a presença da dor.
Toda mulher merece ter prazer de verdade e ser feliz sexualmente!
Referências Bibliográficas:
FREUD, S. (1905) Três Ensaios sobre a teoria da sexualidade. In:
Obras psicológicas completas: Edição Standard Brasileira. vol. VII. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
LOPES, G. P.
Sexualidade Humana. Medsi: Rio de Janeiro, 1989. Disponível em: <
http://www.vinhoesexualidade.com.br/Sexualidade/Disfuncoes-Sexuais/Dispareunia-Vaginismo/>. Acesso em: 10 maio 2013.