O que é o transtorno do pânico e o que ele tem haver cm a angústia?o
Na verdade, o transtorno de pânico nada mais é do que a vivência da angústia em sua forma mais genuína. É uma sensação horrível que se espalha pelo corpo todo, caracterizada principalmente pela constante presença de sentimentos pessimistas de que algo muito ruim irá acontecer conosco ou com alguém que amamos. Desrealização ou despersonalização, medo de perder o controle ou enlouquecer e medo de morrer são os sentimentos mais comuns. Pode ser uma sensação constante ou precisa. Quando passa por uma robusta elevação e acontece pontualmente, chamamos essa sensação de “ataque de pânico”.
Podemos dizer que o transtorno de pânico acomete na condição mental e também no corpo, pois, a pessoa em crise pode sofrer com palpitações, taquicardia, sudorese, tremores, sensação de falta de ar e de asfixia, náuseas, tontura, irritabilidade, vertigem, calafrios ou ondas de calor, sensações de formigamento, entre outros sintomas físicos.
A angústia é um estado afetivo experimentado por todos nós, em alguma época da nossa vida, e ninguém escapa à ela. É um assunto que desperta interesse e inquietação aos estudiosos do psiquismo humano, levando-os a uma variedade de descrições na tentativa de dar uma explicação à angústia. Ela já foi classificada como sintoma ou um quadro patológico em si mesmo. Algumas vezes é vista como sinal, causa ou consequência de algum acontecimento.
Com a
psicanálise ela começou a ser estudada e relacionada com a subjetividade. Antes da psicanálise, esses quadros eram descritos pela psiquiatria como
fobias, neurose de terror, terrores mórbidos ou ansiedade paroxística. Em 1894, S. Freud apresentou a classificação de “neurose de angústia” em vários de seus escritos. Já no século XX, na França surge uma denominação “grande ansiedade” (1950), que enfatiza o caráter paralisante do medo sentido durante a crise de angústia. No Brasil alguns psicanalistas e psiquiatras perceberam esse estado de angústia com motivações múltiplas e de raízes profundas. Em 1979, A. Nobre de Melo, psiquiatra brasileiro, considerou o pânico uma emoção elementar, observável desde o nascimento e ligada à vida afetiva. Outros psiquiatras também concorreram com novas descrições para os transtornos psíquicos desencadeados pela angústia, chegando aos nossos dias como Transtorno de Pânico.
Para a medicina, sempre vigorou o enfoque organicista. A indústria farmacêutica, com base nas causas orgânicas estabelecidas para esses transtornos, muito desenvolveu e avançou na eficácia de drogas para a diminuição dos ataques ou crises. Verifica-se um aperfeiçoamento na produção de medicamentos, direcionando-os, cada vez mais, para sintomas específicos. Entretanto, essas medicações não mostram totalmente eficazes porque não garantem como evitar a crise de angústia e não conseguem impedir que os pacientes se sintam ameaçados pelo seu retorno.
É inegável que nem mesmo a psiquiatria biológica sabe do desconforto que é ter a existência confrontada com uma situação de desamparo total. A pessoa se sente, de repente, abandonada e desprovida de qualquer ajuda, seja humana seja divina. Eu costumo dizer que é a doença do desamparo.
Hoje é descrito na Classificação Internacional de Doenças (CID-10) da Organização Mundial de Saúde (OMS), no Capítulo V: Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento (1993). Em F41.0 encontra-se Transtorno de pânico ou Ansiedade paroxística episódica, sendo descrito como a ocorrência de:
Ataques recorrentes de ansiedade grave (pânico), os quais não são restritos a qualquer situação ou conjunto de circunstâncias em particular e que são, portanto, imprevisíveis. […] os sintomas dominantes variam de uma pessoa para outra, porém, início súbito de palpitações, dor no peito, sensações de choque, tontura e sentimentos de irrealidade (despersonalização ou desrealização) são comuns. […] há um medo secundário de morrer, perder o controle ou ficar louco. Os ataques duram minutos, podendo ser mais prolongados. […] Um ataque de pânico com frequência é seguido por um medo persistente de ter outro ataque.
Transtorno do Pânico x Ataques de Pânico
Faz-se também uma diferenciação entre transtorno e ataques de pânico: estes últimos ocorrem como parte de transtornos fóbicos já existentes no paciente. O termo pânico se consagrou pelo caráter súbito e aparentemente inexplicável das crises. Pesquisas estatísticas sugerem maior incidência de transtorno de pânico entre mulheres, e de ataques de pânico secundários a quadros de depressão entre homens.
Embora a angústia seja o afeto por excelência dos transtornos psíquicos, foi em 1894 que Freud a distinguiu e classificou o seu aparecimento súbito nos pacientes como Neurose de Angústia. Terminologia adotada por muitos anos, entre os transtornos neuróticos, nas classificações psiquiátricas, até por volta de 1979/80.
Na psiquiatria, passou a ser denominada Síndrome ou Transtorno de Pânico.
As crises de angústia da nossa ancestral Neurose de Angústia se atualizam hoje nos Transtornos de Pânico. Não se fala mais em Neurose de Angústia, e sim em Transtorno de Pânico. Este último termo efetivamente demonstra o colapso do funcionamento psíquico, não só como uma descarga pulsional, mas – muito mais – como uma reação desesperada do sujeito diante da condição de desamparo total do seu existir, sendo subjugado pela invasão da angústia que ele não encontra explicação.
Na atualidade, com tantas exigências da sociedade consumista e de relações descartáveis, a pessoa se sente “solta” no sentido de perceber o quão frágil são os seus vínculos. Tudo pode lhe causar angústia: desde a possibilidade do perigo eminente, que entra em comparação com suas próprias forças até a ameaça de rompimento dos laços emocionais, que confirmaria os seus medos e inseguranças. Ela não encontra espaço para uma inserção segura nos grupos e vê na iminência de uma possível exclusão de algum grupo social, intelectual, econômico ou familiar. Tudo isso quase sempre acontece num terreno onde imperam os
episódios de depressão.
O Transtorno do Pânico na Psicologia Clínica
Diferenciando-se da psiquiatria organicista, a psicologia clínica, com o auxílio da psicanálise, trouxe à tona a subjetividade do indivíduo acometido pelos ataques de pânico. A
psicologia clínica é capaz de fazer uma leitura dos sintomas, de reconhecer os desejos inconscientes e o seu desdobramento da manifestação da pulsão de morte ali instaurada. Essa é a parte mais importante para o profissional da psicologia, para o sucesso em seu trabalho na clínica, em detrimento das considerações orgânicas.
Tratamento para Transtorno do Pânico em BH
Para cada transtorno, existe um tratamento específico e que deve ser feito com muito cuidado e de forma única com cada paciente. A Psicóloga Sônia pode te ajudar a tratar do transtorno do pânico. Nosso consultório, em BH, oferece toda a infraestrutura e privacidade para você se sentir tranquilo.
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